Política

PF e CPI fecham cerco a Zé Dirceu na Operação Lava-Jato

09/06/2015
PF e CPI fecham cerco a Zé Dirceu na Operação Lava-Jato
JD Consultoria, de Zé Dirceu, faturou R$ 29 milhões entre 2006 e 2013, sendo R$ 10 milhões de clientes investigados na Lava-Jato

JD Consultoria, de Zé Dirceu, faturou R$ 29 milhões entre 2006 e 2013, sendo R$ 10 milhões de clientes investigados na Lava-Jato

Em inquérito prestes a ser concluído, delegado diz que ex-ministro do governo Lula e empreiteiras não comprovaram serviços prestados pela JD Assessoria. Deputados planejam quebrar o sigilo telefônico do petista
O ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu, está novamente sob cerco. Enquanto a CPI da Petrobras estuda aprovar requerimento para quebrar o sigilo telefônico dele, a Polícia Federal se prepara para concluir os inquéritos sobre ele e sua empresa, a JD Assessoria e Consultoria, alvo da Operação Lava-Jato.
De posse dos dados fiscais do ex-ministro, a PF deve obter em breve os dados bancários do principal ministro do primeiro mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, conta o delegado regional de Combate ao Crime Organizado da Superintendência da PF no Paraná, Igor Romário de Paula. Na CPI dos Correios, o sigilo fiscal de Dirceu foi quebrado e ele já teve dados telefônicos abertos na investigação sobre a parceria MSI-Corinthians.
Em entrevista exclusiva ao Correio, o delegado disse que a investigação deve se encerrar no mês que vem. Dados da Receita Federal mostraram que JD Consultoria faturou R$ 29 milhões entre 2006 e 2013, sendo R$ 10 milhões de clientes investigados na Lava-Jato. Igor de Paula é um dos líderes de uma equipe de oito delegados, seis escrivães, 18 agentes e seis peritos dedicados exclusivamente à maior investigação de corrupção da história recente no Brasil. O delegado diz que, ao menos neste momento, não há motivos para prender Dirceu, mas não existem provas de que ele prestou consultoria de verdade para as empreiteiras fornecedoras da Petrobras e fala de pressão sobre a PF para prender alguns acusados, como o ex-tesoureiro do PT, João Vaccari Neto.
No caso do ex-ministro, faltam ainda serem feitas perícias contábeis, analisar mídias apreendidas, receber o sigilo bancário dele, tomar depoimentos de pessoas como o lobista Milton Pascowith, que pagou R$ 1,4 milhão a Dirceu, e ouvir o próprio investigado. “É um inquérito que não vai demorar muito para acabar, não”, afirmou o delegado, no prédio da PF em Curitiba, no bairro de Santa Cândida. A previsão era concluir em junho o trabalho, mas algumas informações atrasaram.

PRISÕES – Igor Romário, no entanto, trata como boato a “prisão iminente” de Dirceu, detenção que aconteceria em uma sexta-feira. “Fiz uma piada uma vez e disse: ‘A gente podia quebrar a regra e, então, fazer uma prisão no sábado”, afirmou o delegado. O advogado do ex-ministro, Roberto Podval, fez várias declarações em abril adiantando que Dirceu seria preso. Para Igor, trata-se de um “carnaval” e um “teatrinho”. “Ele faz um teatrinho em cima ali talvez para criar uma dificuldade maior, um constrangimento maior para que essas medidas não ocorram”, avalia.
O delegado diz que, “em princípio”, não vê motivos para colocar Dirceu na cadeia, que hoje cumpre prisão domiciliar pelo caso do mensalão. Para uma detenção preventiva ser decretada, a lei diz, por exemplo, que o investigado deve praticar crimes continuamente ou ameaçar o sucesso da apuração com destruição de provas e intimidação de testemunhas. Não importa só a gravidade dos crimes.