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O Pianista

10/09/2014
O Pianista

    A Polônia, localizada geograficamente nas fronteiras com a Rússia e a Alemanha, sempre foi alvo de cobiça dessas duas grandes potências do leste europeu. O povo polonês pertence ao segmento racial eslavo. Orgulhoso de sua tradição mais do que milenar, dotado de grande bravura nas guerras que enfrentou,  jamais submeteu-se, de bom grado, à tutelagem de nenhuma nação.
Napoleão Bonaparte, conquistando toda a Europa, vencendo várias coalizões coordenadas pela Áustria, a Prússia, a Inglaterra e a Rússia, transformara-se no ser humano mais poderoso da terra. Apoiado nas bandeiras da Revolução Francesa, inspiradoras dos ideais de Liberdade, Igualdade e Fraternidade, ele passou a ser um símbolo das aspirações libertárias. Desejoso de enfraquecer o poderia russo, Napoleão acenou para a elite polonesa com a perspectiva de soberania para o país. Waleska, um de seus grandes amores, foi seduzida graças ao seu patriotismo. Essa extraordinária mulher, desejosa de conquistar a simpatia do Imperador para a nobreza da causa, tornou-se amante em benefício de seu povo. Apaixonada, permaneceu fiel até a sua morte, no exílio, na Ilha de Santa Helena.
O mundo é surpreendido com o tratado entre os nazistas e os comunistas para redefinirem a Polônia. Hitler e Stalin firmaram um acordo dividindo entre si o território polonês,  provocando a revolta e a solidariedade da França e da Inglaterra. Inicia-se a Segunda Guerra Mundial.
Os judeus foram dispersos da Judéia pelo Imperador Adriano, de Roma, no ano 135 da Era Cristã. Desde a diáspora, e até nossos dias, eles se agruparam em vários países do mundo. Cultos, profundamente inteligentes, herdeiros da experiência e dos conhecimentos acumulados durante vários séculos, unidos, para melhor sobreviverem, casando-se entre si, enriqueciam e formavam castas, provocando inveja entre os habitantes dos países onde moravam. Ao longo da história vários deles se transformaram em grandes gênios de humanidade. Os que viveram na Espanha e na Holanda migraram para as Américas. Muitos vieram para o Brasil. Após  a expulsão dos holandeses do nordeste brasileiro, no século XVI, quinhentos dos que se haviam fixado no Recife, fundaram Nova York.
Hitler, judeu  austríaco, tinha horror de sua origem judaica, considerando-se um ariano, começou a perseguir os membros de sua raça, transformando-os em inimigos da Alemanha. A maioria da população germânica participava do ódio e espoliava os judeus de suas fortunas.
O cineasta Roman Polanski, com a genialidade que o caracteriza, conseguiu levar para o filme O Pianista, com muita fidelidade, os horrores da guerra. Apoiado na vida do músico Wladeylaw Szpilman, magistralmente interpretado por Adrian Brody, vencedor do Oscar, como o melhor ator, revela a monstruosidade da loucura do excesso de poder preconceituoso contra um segmento da raça humana, caracterizado na figura dos judeus. O toque de sanidade e a beleza da solidariedade humana ficaram registrados quando um oficial alemão surpreende Szpilman, nos escombros de uma residência. Ele se transformara em um verdadeiro trapo humano. Interpelado pelo oficial, para identificar-se, responde ser um pianista. Por uma feliz coincidência existia um piano nas ruínas e ele começa a tocar. A beleza da interpretação e o talento sublime do artista dominam as emoções do jovem oficial que deveria ser um apaixonado por música. O judeu agiganta-se. Sua vida  é poupada graças ao engenho de sua arte.