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Humanização na assistência obstétrica favorece gestante e bebê

17/02/2014
Humanização na assistência obstétrica favorece gestante e bebê

    maeA gravidez é um momento de muitas dúvidas e temores. Mesmo as mulheres que não são mamães de primeira viagem. Nesse período, um maior conforto emocional pode ser garantido por meio das boas práticas na assistência obstétrica, que têm o objetivo de tranquilizar a gestante, além de promover um restabelecimento mais rápido e uma percepção mais positiva da experiência do parto. Tudo isso é desenvolvido através da prática de atividades específicas durante a gestação, o trabalho de parto e o puerpério (pós-parto).
Massagem, relaxamento, exercícios respiratórios e na bola terapêutica são algumas das atividades que fazem da fisioterapia uma aliada da gestante, pois proporcionam um trabalho de parto mais tranquilo, podendo até diminuir o seu tempo de duração. E todas essas iniciativas podem ser encontradas na rede pública de saúde, como é o caso do Hospital Nossa Senhora da Guia, em Maceió, cuja adoção dessas ações contribuiu para a obtenção do selo da Iniciativa Hospital Amigo da Criança (IHAC).
A IHAC, segundo a pediatra e coordenadora estadual da Rede Cegonha, Syrlene Medeiros, tem a finalidade de promover o aleitamento materno. “É fundamental atentar para a importância do contato pele a pele entre a mãe e o bebê no momento do parto, porque, nesse primeiro contato, a própria amamentação favorece a saúde de ambos”. esclareceu. De acordo com ela, o hormônio liberado pelo leite deixa o bebê mais ativo e ajuda a mamãe a produzir ainda mais leite.
“O próprio ato de amamentar ajuda o útero a se contrair, o que evita um provável sangramento, que pode levar a óbito. Já quando a puerpéria não amamenta, ela passa a sentir dor e o bebê fica agitado. Consequentemente, o estresse causado por essa situação libera adrenalina, que dificulta a produção do leite”, completou Syrlene Medeiros, acrescentando que é importante também a doação de leite da puerpéria, que pode ser realizado no posto de coleta de leite humano, no próprio hospital.
No entanto, outras ações foram agregadas à proposta inicial da IHAC para garantir também o cuidado com a mulher e a importante participação do acompanhante, fazendo da gravidez um momento de cuidado não só com o bebê, mas com toda a família.

    Com a fisioterapia em obstetrícia, IHAC incentiva cuidados com a gestante

“Foram os exercícios fisioterapêuticos que me ajudaram no momento do parto, inclusive a estourar a bolsa”, disse a garçonete Ana Maria da Silva, que ganhou seu primeiro bebê, Carlisson Gustavo. A explicação está nas atividades de fisioterapia obstétrica realizadas no pré-parto e no momento em que as gestantes estão em trabalho de parto, como explica o fisioterapeuta do Hospital Nossa Senhora da Guia, Roberto Gomes.
“Os exercícios, desde os respiratórios aos mecânicos, proporcionam conforto à gestante e ainda diminui o tempo em trabalho de parto, reduzindo as tensões”, explicou o fisioterapeuta. Ainda segundo ele, os exercícios na bola terapêutica, por exemplo, proporcionam o relaxamento da região pélvica para a descida e encaixe do bebê, como também contribuem para esse mesmo objetivo, a caminhada, a massagem e atividades em posição verticalizada.
A iniciativa evita ainda o uso de remédios para ajudar no parto, como a ocitocina, responsável por aumentar as contrações; evita também as lacerações, ao contribuir com a dilatação; e diminui o índice de episiotomia – corte feito para ajudar a passagem do bebê. Já no pós-parto, explicou o fisioterapeuta, os exercícios são voltados para o relaxamento que colabora com a recuperação e evitar as dores.
“As atividades são maravilhosas para preparar o corpo para a hora do parto. Como é minha primeira filha, e não sei ao certo como me comportar, todo esse apoio é válido para ajudar nesse momento importante para mim e para meu bebê”, revelou a futura mamãe Denise da Silva Honório.
O cuidado com a ambiência proporcionada à gestante é também perceptível, a exemplo da música ambiente e da luz baixa. Mas, é também a presença do acompanhante fundamental em todo esse processo. “O acompanhante ajuda a passar confiança, segurança e conforto, sendo fundamental até para supervisionar o que está sendo realizado nesse momento único da vida da mulher e da família”, observou o fisioterapeuta Roberto Gomes.

Acompanhante – “Não tem nada mais gratificante do que estar ao lado da minha mulher nesse momento e cuidando do meu bebê. Quero estar sempre presente”, revelou o trabalhador rural Edimilson dos Santos, do município de Roteiro, e pai do bebê Mateus Vinícius. Assim como ele, outros pais se dedicam aos cuidados das mamães e dos bebês no Hospital Nossa Senhora da Guia, como Reginaldo dos Santos, do município de Cajueiro, que mantinha o bebê José Carlos sobre sua atenção, enquanto a mãe descansava.
A pediatra Syrlene Medeiros enfatizou a importância do acompanhante  em tempo integral em todos os momentos. “É importante a presença do acompanhante desde o pré-natal, realizado na Atenção Básica, como também quando se aproxima do momento de chegada do bebê, no pré-parto”, disse. Ela acrescentou que, na hora do parto, a presença masculina é permitida, basta que seja uma escolha da gestante, bem como no período do pós-parto.

 Em Maceió, maternidade 100% SUS realiza as boas práticas obstétricas

No mês de janeiro de 2014, o Hospital Nossa Senhora da Guia cumpriu os dez passos para o sucesso do aleitamento materno e, após criteriosa auditoria do Ministério da Saúde (MS), garantiu o selo da Iniciativa Hospital Amigo da Criança (IHAC), idealizada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), que visa promover, proteger e apoiar o aleitamento materno.
Na ocasião, o coordenador geral da Saúde da Criança e Aleitamento Materno do MS, Paulo Bonilha, enfatizou que o grupo seleto do qual o hospital passou a fazer parte não se dedica apenas ao cuidado com as crianças, mas também com as gestantes e puerpérias, estendendo assim a atenção para toda família, por meio de práticas possíveis de serem realizadas também no Sistema Único de Saúde (SUS).
“A qualidade e a beleza não estão distantes da realidade do SUS. Isso porque a gravidez e o parto são um processo fisiológico, e não uma doença. Então, quanto mais colaborarmos com a saúde das gestantes, melhor será para o bebê e para que os primeiros minutos de vida dele sejam muito bem cuidados”, disse Bonilha, acrescentando que “está em nossas mãos sermos pedagógicos e proporcionarmos o bem com pequenas coisas em benefício do vínculo da família”, afirmou.
De acordo com o diretor médico do Hospital Nossa Senhora da Guia, Luciano Agra, para aderir a IHAC foi necessário uma mudança de mentalidade para que a ideia fosse incorporada – processo que envolveu toda a equipe, desde o atendimento, aos profissionais da limpeza e equipe médica e de enfermagem, além dos nutricionistas, psicólogos e fisioterapeutas que somam às ações de cuidados às gestantes e aos bebês.
“Agora é preciso perseverar e dar continuidade ao projeto, que tem no selo de Hospital Amigo da Criança a importância fundamental de um embrião que vai gerar muito mais ações a serem desenvolvidas, a exemplo da cirurgia neonatal”, falou Luciano Agra.

Iinvestimento – Para garantir o funcionamento do Hospital Nossa Senhora da Guia como exclusivo para a rede pública de saúde, o governo do Estado custeia recursos por meio do Programa de Implementação da Rede de Atenção Materno-Infantil de Alagoas (Promater), com o incentivo de R$ 175 mil/mês. Já através da Rede Cegonha, oito dos 10 leitos da UCI Neonatal recebem o incentivo de cerca de R$ 62 mil/mês. A Santa Casa de Maceió também mantém a unidade, que caminha para a autossustentabilidade.
O Hospital Nossa Senhora da Guia possui 80 leitos, sendo 10 destinados a UCI Neonatal e os demais a leitos obstétricos e de cirurgias pediátricas. A unidade realiza, em média, 450 partos ao mês, dos quais 60% dos partos realizados na maternidade são normais. No hospital, a unidade materno-infantil atende exclusivamente a pacientes do Sistema único de Saúde (SUS).