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Sesi apoia campanha de combate à violência infantojuvenil

06/11/2013
Sesi apoia campanha de combate à violência infantojuvenil

A campanha Com Criança Não se Brinca chegou, nesta quarta-feira (6), aos estudantes do Projeto ViraVida, do Sistema Social da Indústria Alagoas (Sesi/AL), que recupera 140 jovens vítimas de abuso e exploração sexual em Maceió. Na ocasião, a coordenadora da campanha, promotora de Justiça Dalva Tenório, conversou com os beneficiados pelo projeto sobre a importância de combater a violência infantojuvenil por meio de denúncias a órgãos oficiais, como o Ministério Público do Estado de Alagoas (MPE/AL). Os diretores da Associação das Empresas do Mercado Imobiliário de Alagoas, Ronald Vasco e Diogo Medeiros, também participaram da visita aos jovens, que têm idade entre 16 e 21 anos.
Além do contato com os estudantes, o MPE/AL e a Ademi/AL firmaram uma parceria com o Sesi/AL para contar com os profissionais do projeto ViraVida. Com isso, pedagogos, assistentes sociais e psicólogos participarão da conscientização dos trabalhadores da construção civil sobre as consequências do abuso e exploração sexual na vida da criança e do adolescente. O Sesi/AL também cederá um grupo de atores para uma encenação de um espetáculo sobre o tema da campanha. Em contrapartida, a Ademi/AL se comprometeu a ajudar na empregabilidade dos jovens que recebem formação profissional pelo projeto.
“A campanha Com Criança Não se Brinca foi a forma que nós encontramos para combater a ação de pedófilos. Queremos alertar a população sobre a prática da violência sexual contra jovens, muitas vezes, vítimas de amigos e familiares. Para isso, é fundamental acabar com o silêncio das crianças e adolescentes, e dos seus responsáveis, incentivando a denunciar os algozes ao Ministério Público, Conselho Tutelar e Delegacia da Criança e do Adolescente. O importante é dizer não ao silêncio”, afirmou a titular da 59ª Promotoria de Justiça da Capital.

Coordenadora operacional do Projeto ViraVida no Estado, Fernanda Ferreira, relaciona a prática de abuso sexual

Coordenadora operacional do Projeto ViraVida Fernanda Ferreira relaciona a prática de abuso sexual

“O Sesi/AL desenvolve um trabalho de recuperação dos jovens vítimas de violência sexual que merece o respeito da sociedade. Como membro de uma entidade que reúne empresários da construção civil, posso afirmar a demanda por mão de obra qualificada no estado. Diante mão, convidamos os estudantes deste projeto para conhecerem nossos canteiros de obras e escritórios para que, quem sabe, trabalharmos juntos num futuro próximo”, disse Ronald Vasco, diretor da Ademi/AL.
Na próxima quarta-feira, MPE/AL, Ademi/AL e a equipe técnica do projeto ViraVida voltarão a se reunir para debater a intervenção do grupo de teatro junto aos trabalhadores da construção civil. Na ocasião, serão definidos o conteúdo e o cronograma das apresentações. O encontro ocorrerá na sede da Ademi/AL, a partir das 11h.

Maior parte da vítimas vem do Vergel
A coordenadora operacional do Projeto ViraVida no Estado, Fernanda Ferreira, relaciona a prática de abuso sexual à exploração de crianças e adolescentes. “Muitos dos jovens que vendem o próprio corpo sofrem violência dentro de casa. Geralmente, depois de receber o abuso, torna-se ‘normal’ para elas se prostituírem, até mesmo para colocar comida dentro de casa, ainda mais porque o dinheiro vem de supostos amigos que só querem ‘ajudá-las’”, explica a coordenadora.
Dos 160 jovens que já foram atendidos pelo projeto em Maceió, cerca de 60% moram ou moravam no bairro Vergel do Lago. “Por ser próximo às orlas marítima e lagunar e terem renda familiar baixa, as crianças e adolescentes do Vergel estão mais vulneráveis à prostituição”, explicou Fernanda, que ressalta a mudança de comportamento dos estudantes durante o ano em que fazem o curso profissionalizante. “Olhar nos olhos, tocar no braço eram sinais de chamar para a briga porque estes atos estavam muito relacionados à exploração sexual para eles. No ViraVida, também trabalhamos a afetividade para mostrar que o olhar e o toque também podem ser, simplesmente, sinais de respeito e carinho”, completa.
Segundo a coordenadora, o jovem vítima de violência sexual precisa do acompanhamento da família e de pessoas que acreditam nele para reconstruir a autoconfiança. “Uma criança, um adolescente, um indivíduo deve escutar do pai que ele acredita no filho. Na maioria dos casos que chegam até a gente, falta a figura familiar que acredita no jovem e isso faz toda a diferença na recuperação da sua autoestima. Nossos professores são orientados a terem esse olhar sensível para com o aluno”, conclui a coordenadora.

Projeto ViraVida
Desenvolvido por iniciativa do Conselho Nacional do Sesi, o programa ViraVida busca promover a elevação da autoestima e da escolaridade dos adolescentes e jovens participantes para que desvendem o próprio potencial e assim conquistem autonomia. O processo socioeducativo está baseado em cursos profissionalizantes construídos a partir do alinhamento entre a demanda de cada mercado, o perfil e as expectativas desses adolescentes e jovens.
Os cursos contemplam a necessidade de integração entre formação profissional, educação básica e noções de autogestão. Também asseguram aos alunos atendimento psicossocial, voltado ao resgate de valores e fortalecimento de vínculos familiares. Em Maceió, os cursos oferecidos pelo programa são os de Administrativo e Operador de Computador; Eletricista Industrial; Padeiro/Confeiteiro/Produtor de embutidos e Defumados; e Recepcionista em meios de hospedagem e Operador de Computador.
Desde de 2102, cerca de 160 jovens já foram beneficiados pelo projeto em Alagoas que tem por meta atender cem estudantes por ano. Eles são indicados ao projeto pelo Conselho Tutelar, Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas), Casa de Passagem da Prefeitura Municipal e Organizações Não-Governamentais como o Projeto Talita e Associação Comunitária do Benedito Bentes.
Para ter acesso ao projeto, o jovem vítima de violência sexual deve ter idade entre 16 e 21 anos; estar em situação de exploração sexual; pertencer ou estar inscrito em atividades sociais ou comunitárias desenvolvidas pelas instituições parceiras do ViraVida; apresentar nível de escolaridade mínima exigida pelas instituições formadoras (6º ano do Ensino Fundamental); apresentar baixa ou nenhuma dependência química.