Brasil
Manifesto assinado por Raoni cobra cumprimento da lei por Bolsonaro
Depois de quatro dias de reunião na aldeia Piaraçu, norte de Mato Grosso, mais de 600 lideranças indígenas do país finalizaram nesta sexta-feira (17/01) um documento com reivindicações para ser entregue ao presidente Jair Bolsonaro.
Batizado como ˜Manifesto do Piaraçu”, o texto denuncia o projeto em curso do governo brasileiro de “genocídio, etnocídio e ecocídio”. Citando obras controversas executadas na Amazônia, como a hidrelétrica Belo Monte, Raoni disse que esses empreendimentos não foram bons para os povos indígenas.
“O homem branco é muito ganancioso”, disse o cacique Raoni Metuktire em seu último discurso antes de assinar o documento. Em diversos momentos, em pé no centro da Casa dos Homens, que sediou o evento, ele foi interrompido por aplausos das lideranças na plateia. Mais cedo, os participantes tinham homenageado o líder caiapó com danças e cantos típicos de suas etnias.
O documento ressalta o reconhecimento dos direitos indígenas nos artigos 231 e 232 da Constituição Federal de 1988, além da convenção internacional que estabelece que, em caso de projetos que impactem os indígenas, eles devem ser consultados previamente.
“O atual presidente da República está ameaçando os nossos direitos, a nossa saúde, o nosso território”, diz o manifesto, numa referência às intenções de Bolsonaro de liberar a mineração, o agronegócio e o arrendamento das terras, com redação de projetos de lei em andamento.
Assinado por representantes de entidades indígenas e extrativistas, como o Conselho Nacional dos Seringueiros, o manifesto busca união para proteger a floresta.
“Quem nasceu primeiro não foi o Brasil, fomos nós povos originários e nós fomos massacrados, mas continuamos a resistir para poder existir”, declara o texto.
Segundo o último censo nacional, cerca de 900 mil brasileiros se reconheceram como indígenas. Nas últimas décadas, porém, especialistas afirmam que esse número vem aumentando. Trata-se de famílias miscigenadas que foram expulsas de seus territórios ao longo do tempo e agora buscam recuperar a identidade coletiva.
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