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Bolsa cai 1,54% e fecha na mínima, a 117.026,04 pontos

21/01/2020

Após ter renovado máxima histórica no dia anterior, aos 118.861,63 pontos no fechamento, o Ibovespa se curvou ao mau humor externo nesta terça-feira, 21, em dia marcado por perdas nas peso-pesadas Vale (-2,32%) e Petrobras (-3,00% na ON), além de nova queda no setor bancário, ainda sob pressão neste início de ano. O principal índice da B3 fechou em baixa de 1,54%, a 117.026,04 pontos, na mínima do dia, tendo na máxima ficado a 118.860,85 pontos, pela manhã. O giro financeiro totalizou R$ 22,3 bilhões. Na semana, o Ibovespa acumula agora perda de 1,23% e, no mês, avança 1,19%.

A doença contagiosa causada por um novo tipo de coronavírus, identificado inicialmente na região central da China e com um caso confirmado até o momento nos EUA, foi a vilã do dia. As bolsas de Nova York foram às mínimas da sessão após o Centro para Controle e Prevenção de Doenças nos EUA ter confirmado que um cidadão americano, de volta da China, foi diagnosticado com o vírus em Seattle, segundo relato da agência AP.

O temor se espalhou desde cedo, dos mercados da Ásia para os da Europa e dos EUA, de forma geral em terreno negativo ao longo do dia, com perdas mais fortes no Oriente, onde a Bolsa de Hong Kong fechou em queda de 2,81%. A onda de aversão a risco ganhou força na medida em que a eclosão da doença, na cidade de Wuhan, ocorre às vésperas do início do feriado pela passagem do Ano Novo Lunar, quando a folga prolongada leva milhões de chineses a se deslocarem pelo país, alavancando a chance de disseminação do vírus.

“O que houve hoje foi a reação inicial, de pânico, a um evento sobre o qual não se consegue antecipar bem as consequências. É natural que o mercado fique nervoso até que se tenha maior clareza quanto ao potencial de avanço dessa doença e o que será feito para contê-la”, diz Pedro Galdi, analista da Mirae, lembrando de casos anteriores de aversão global a risco por razão de saúde pública, como a peste suína, também na China, anos atrás.

As vendas desta terça-feira ocorreram em base ampla, alcançando tanto setores que já vinham pressionados, como o de bancos, até parte de segmentos com ganhos acumulados, como o de varejo. Com o dólar a R$ 4,20 nesta terça-feira, empresas com exposição à moeda, como Gol (-2,96%) e CVC (-4,07%), estiveram entre as maiores perdedoras. Destaque também para queda de 3,34% em Bradesco PN e de 3,48% na ação ordinária do banco.

No cenário doméstico, as ações da Vale foram pressionadas pela denúncia à Justiça de 11 executivos da mineradora, entre os quais o ex-presidente Fabio Schvartsman, por homicídios dolosos duplamente qualificados e por crimes ambientais, em decorrência do rompimento da barragem em Brumadinho, que completa um ano neste sábado, dia 25.

Em entrevista coletiva, o delegado da Polícia Civil de Minas e membro da força-tarefa que investigou a tragédia, Eduardo Vieira Figueiredo, disse hoje que, pelo menos desde 2017, era de conhecimento da TÜV SÜD e da Vale que o fator de segurança da barragem 1 da mina Córrego do Feijão estava abaixo do recomendável, com potencial comprometimento da estrutura.

Autor: Luís Eduardo Leal, com Fernanda Guimarães e Mariana Durão
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