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Temas vitais para 5G não foram definidos

07/12/2019

Enquanto o setor anseia pela realização do leilão do 5G, algumas das principais políticas públicas que vão nortear a atuação das operadoras ainda precisam ser definidas pelo governo: cibersegurança e compensações para mitigar a interferência no sinal das parabólicas. O edital apresentado em outubro previa apenas que as empresas se submeteriam às políticas estabelecidas pelo governo.

A política de cibersegurança visa o estabelecimento de requisitos técnicos que garantam que as operações, equipamentos e informações no 5G tenham confidencialidade e integridade – ou seja, que não sejam vulneráveis a invasões.

Se hoje a questão não é tão relevante, no futuro a cibersegurança será essencial para aplicações críticas. Um exemplo: quando houver tráfego de carros autônomos, sem motoristas, é preciso assegurar que não haja invasões que provoquem acidentes propositais. Essa garantia também será crucial quando robôs, coordenados por médicos, puderem realizar cirurgias à distância.

A chegada do 5G traz ainda um desafio adicional, já que o avanço da tecnologia pode rapidamente tornar um smartphone que hoje é seguro em um item vulnerável a invasões. Por isso, é preciso criar mecanismos de acompanhamento contínuo das questões de segurança. O órgão que cuidará dessa atribuição ainda não foi escolhido.

Segurança

A segurança das redes e das informações é um dos argumentos citados pelos Estados Unidos, que tentam convencer países a banirem a China – particularmente a empresa Huawei – dos leilões. Independentemente da guerra tecnológica, a política do governo deverá servir para todas as empresas e países.

No Brasil, o tema da cibersegurança será coordenado pelo Ministério de Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) e pelo Gabinete de Segurança Institucional (GSI).

O governo também ainda não definiu como vai mitigar a interferência do 5G nos canais transmitidos por parabólicas. De acordo com o secretário executivo do MCTIC, Julio Semeghini, esse tema será definido até janeiro.

Há duas opções para resolver a interferência: instalar um filtro nas antenas, mantendo o uso da Banda C dos satélites; ou migrar os canais para outra frequência, semelhante ao que foi feito com o 4G e a transferência dos canais analógicos para o sinal digital.

Independentemente da solução técnica a ser adotada, ela terá custos que serão bancados pelas teles. O filtro, no entanto, seria uma opção mais barata do que a migração dos canais. Se for essa a opção, a ideia é que seja distribuído para famílias de baixa renda – cerca de 11,2 milhões, segundo o edital.

Para se ter uma ideia, no caso da migração dos canais analógicos para a TV digital, paga pelas teles como obrigação do leilão do 4G, o custo foi de R$ 2,6 bilhões.

Tempo adequado

Mesmo que o leilão do 5G fique para 2021, o presidente da consultoria Teleco, Eduardo Tude, não vê problemas. Embora alguns países, como Estados Unidos, China, Alemanha e Austrália já tenham licitado a frequência, as operações ainda são pequenas, exceto na Coreia do Sul, diz ele.

Ainda segundo Tude, aplicações como a telemedicina, por exemplo, estão em fase de testes e só devem terminar em 2020.

“O tempo para o leilão é adequado. Não é um atraso. Um prazo bom para que as redes comecem a operar é 2022”, afirmou Tude. “Do ponto de vista do Brasil e da América Latina não adianta ter pressa. O preço do smartphone para o 5G ainda é muito caro, na faixa de US$ 2 mil”, disse.

No opinião do presidente da consultoria Teleco, o País só deverá ter oferta de aparelhos celulares mais acessíveis a partir de 2021. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Autor: Anne Warth
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