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Fundação Pierre Chalita inaugura segundo ato da exposição “Monção”, da artista alagoana Eva Le Campion

04/12/2019
Fundação Pierre Chalita inaugura segundo ato da exposição “Monção”, da artista alagoana Eva Le Campion
A Fundação Pierre Chalita inaugura, na noite desta terça-feira (10), às 19h, o segundo ato do projeto “Monção”, da artista alagoana Eva Le Campion, com a curadoria de Rafael Almeida. Esta etapa da exposição reúne uma série inédita composta por pinturas em grandes formatos, fotografias com intervenções de pintura e um videoperformance, na qual a artista explora toda a beleza e a riqueza dos nossos mananciais de água e fonte de vida.

“O homem está destruindo a majestade dos mangues, o silêncio do lugar, a luz verde-azulada da imensidão das águas. Nossa terra sofre encharcada de águas escuras e com os córregos cheios de lixo. Quilômetros e quilômetros de lagoas, rios e mares são agredidos diariamente por toneladas de esgoto, sem o menor tratamento necessário. É como um vômito da sociedade de consumo, enquanto a corrupção e a alienação está refletida nas águas”, disse Le Campion.

“Para entender como a população se relaciona entre si num determinado lugar, basta ver como está a natureza em sua volta. O homem precisa recuperar a potência da natureza. Precisamos criar uma nova consciência, novos valores e a integridade de recuperar nossa cultura de raiz. Só assim voltaremos a nos conectar com o que há de infinito e ancestral em nossas veias”, completou.

“Monção” tem a cocuradoria de Didi Magalhães e encerra a pauta de exposições do ano da Fundação criada pelo tio da expositora, o artista plástico já falecido Pierre Chalita. É a primeira mostra individual de Eva como artista convidada do espaço e a visitação pode ser feita de segunda a sexta-feira, das 9h às 12h e das 14 às 18h. A entrada é gratuita e todas as obras estão disponíveis para aquisição.

O primeiro ato do projeto “Monção”


A exposição dividiu-se até então em dois momentos. O primeiro, realizado em agosto deste ano, foi um manifesto composto por uma instalação conceitual com fotografias e esculturas expostas na sala onde funcionou o necrotério do Museu de História Natural da Ufal (antigo IML).

As fotos denunciavam o lixo encontrado pela artista nas areias da praia e as cerâmicas remetiam a pulmões em agonia. “Nós nos apropriamos da arquitetura espacial na qual os corpos esperavam a autópsia para fazer uma relação de automutilação entre o ser humano e a natureza, já que ao destruir seu habitat natural o homem também está se destruindo”, explicou o curador Rafael Almeida.

 
Sobre Eva Le Campion:
 

Com mais de 30 anos de carreira, Eva Le Campion nasceu na capital alagoana em 16 de abril de 1960. Filha de Edmond Le Campion e Maria José Le Campion Chalita, teve contato com o meio artístico muito cedo devido a veia artística de sua família (sua mãe era artista plástica e seu tio era o famoso pintor alagoano Pierre Chalita.) Durante a adolescência, fez cursos de desenho e pintura no ateliê da Fundação Pierre Chalita (1979) e cursos de especialização na língua inglesa na Bonners Ferry High School e língua francesa na Universidade de Lyon II, na França. Em 1980, formou-se em letras pela Universidade Federal de Alagoas e no ano de 1988, frequentou a Escola de Artes Visuais do Parque Laje, no Rio de Janeiro.

Desde a adolescência, trabalhou em inúmeros projetos sociais na tentativa de resgatar através da arte, famílias, jovens e adolescentes de alto-risco expostos a criminalidade, drogas, violência e prostituição. Em 1999, iniciou um projeto com crianças e adolescentes carentes junto a Cruz Vermelha de Maceió com uma oficina-olaria, onde a artista as ensinava a fazer peças de cerâmica e tecelagem. Nos anos seguintes, Eva participou de diversas exposições coletivas e projetos sociais, dentre eles se destaca o trabalho experimental e lúdico-sensorial com o barro na comunidade do Muquém, em 2010 e sua participação no Projeto Sarar em 2013, onde Eva, através pintura tentava recuperar dependentes químicos internos.