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Brasil desacelera no IDH e empata com a Colômbia

09/12/2019

Um milésimo. Esse foi o avanço em um ano no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) brasileiro, quando se compara o resultado de 2018 ao de 2017. Considerado “alto”, o IDH nacional ficou em 0,761 e colocou o Brasil na 79.ª posição entre os 189 países e territórios mapeados pela Organização das Nações Unidas (ONU), mesmo lugar da Colômbia, nação marcada pelo conflito com o narcotráfico. No intervalo de um ano, o Brasil caiu uma colocação quando comparado ao restante do mundo, aponta o relatório do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento Humano (Pnud), que será divulgado nesta segunda-feira, 9.

Segundo o documento, enquanto a esperança de vida ao nascer e a renda per capita subiram no Brasil, os anos esperados de escolaridade e a média de anos de estudo ficaram estagnados – ou seja, os resultados na área de educação “travaram” o crescimento do índice brasileiro. De 2016 para cá, os anos esperados de escolaridade não aumentaram, permanecendo em 15,4 – o que, na prática, significa ensino superior incompleto. Esses quesitos são considerados no cálculo do IDH, que avalia três dimensões: saúde, educação e renda.

A série histórica mostra que o crescimento do IDH nacional se desacelerou – o índice já chegou a saltar entre 0,002 e 0,003 por ano. Houve crescimento mais acentuado de 1990 a 2013, e menos expressivo a partir de 2014. Apesar disso, o diretor do relatório da ONU, Pedro Conceição, prefere analisar a trajetória ao longo das últimas décadas – em 1990, o índice brasileiro era de apenas 0,613. “A história do Brasil é de crescimento sustentado do IDH. Olhando para o desempenho do País, quando a economia voltar a soprar, a expectativa é de que o IDH comece a aumentar a uma taxa mais forte do que tem sido a dos últimos dois anos”, disse.

Só que quando o valor do IDH nacional é descontado pela desigualdade, o índice reduz 24,57%, cai para 0,574 e o Brasil despenca 23 posições no ranking mundial – é o país que mais perde posições no mundo inteiro. A desigualdade de renda na África subsaariana e no Brasil continua “extremamente alta”, aponta o relatório.

Mundo

O primeiro colocado no ranking é a Noruega, com IDH de 0,954, seguida por outros três países europeus – Suíça (0,946), Irlanda (0,942) e Alemanha (0,939) -, que se situam na categoria de IDH “muito alto”. O país sul-americano com melhor desempenho é o Chile, em 42.º lugar (0,847). Na América Latina, o lanterna é o Haiti, com 0,503 no IDH, na faixa de baixo desenvolvimento humano. No mundo inteiro, o último lugar permaneceu com o Níger (0,377), na África Ocidental.

O Brasil fica atrás de Albânia (69.º lugar), Cuba (72.º), Bósnia (75.º lugar) e México (76.º). “Acho que o Brasil tem de se orgulhar, mas não olhando para o que aconteceu de um ano para outro. O IDH é um instrumento que tenta captar uma realidade complexa, e a grande pergunta que tem de ficar é: o País está a evoluir ou não? A meu ver, está, mas não de forma linear”, observou Conceição.

Considerando apenas a América do Sul, Brasil e Colômbia dividem a quarta posição no IDH – atrás de Chile, Argentina e Uruguai. A instável Venezuela, que havia aparecido à frente no relatório anterior, mesmo em convulsão social e enfrentando profunda crise econômica, agora ficou para trás, em 96.º lugar. O país de Nicolás Maduro vem enfrentando queda significativa no índice desde 2013.

Atualização

O Pnud ressalta que não devem ser comparados valores e rankings com anos anteriores, uma vez que os dados oficiais costumam passar por revisões, levando ao recálculo dos IDHs antigos. No relatório deste ano, uma nova série histórica, com os valores atualizados, foi divulgada. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Autor: Rafael Moraes Moura
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