Variedades

Casa Domingos Montagner busca financiamento

06/11/2019

O legado de Domingos Montagner, que morreu há três anos após um mergulho no Rio São Francisco, em Sergipe, não está apenas na dramaturgia. O ator, que também foi palhaço e professor, acreditava fortemente na transformação social e na formação de cidadãos por meio da educação associada à arte. E esse é o propósito da Casa Domingos Montagner, que busca financiamento coletivo para iniciar as atividades culturais no começo de 2020.

Lançado em setembro deste ano, o projeto foi idealizado pela produtora cultural Luciana Lima, viúva do ator e mãe dos três filhos do casal; Fernando Sampaio, que fundou com Montagner a companhia La Minima de circo-teatro; Francisco Montagner, irmão do artista, e Gustavo Wanderley, diretor social da Casa. Juntos, eles formam o Instituto DOM, associação sem fins lucrativos que visa disseminar a arte entre a população menos favorecida.

A proposta é revitalizar a casa onde Domingos Montagner nasceu e cresceu, no bairro do Tatuapé, para servir de centro cultural onde circo e teatro, paixões dele, terão destaque. Embora a previsão para inauguração seja em dezembro de 2020, a equipe quer iniciar as atividades em escolas públicas da região já no próximo semestre. Para isso, precisa atingir a primeira meta do financiamento coletivo: R$ 293 mil até o final do dia 15 de novembro. As doações podem ser feitas neste link.

Conheça mais sobre o projeto no vídeo abaixo:

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Até a publicação desta reportagem, 35% da meta tinha sido atingida. A dificuldade, segundo o diretor social da Casa Domingos Montagner, é as pessoas acharem que o espaço cultural já foi inaugurado. “Estamos longe de atingir a proposta, que é construir um equipamento cultural para a zona leste de São Paulo, justamente para descentralizar os equipamentos culturais que estão muito concentrados nas zonas oeste e central”, diz Gustavo Wanderley.

Com o dinheiro arrecadado nessa primeira etapa, o projeto vai oferecer educação por meio da arte em escolas públicas do Tatuapé. Sete instituições de ensino já foram pré-selecionadas, duas delas onde Montagner estudou: a Escola Estadual Visconde de Congonhas do Campo, na qual entrou aos seis anos e cursou até o fundamental, e a Escola Estadual Professor Ascendino Reis, em que completou o ensino médio.

“Nossa ação é democratizar o acesso à informação e educação por meio da arte, algo levado muito a sério por artistas e educadores, e dentro do ambiente público. Isso é necessário nesse momento em que a cultura e a educação estão à beira de um colapso”, afirma Wanderley.

A partir da pré-seleção das escolas, a equipe quer fazer uma parceria com a Secretaria de Educação do município e enviar uma carta-convite às instituições de ensino. Com foco nos estudantes a partir de 14 anos de idade, a ideia é implementar um projeto contínuo dentro desses espaços, uma extensão do que será a Casa Domingos Montagner. “A gente acredita no potencial das pessoas, a juventude está precisando só de oportunidade”, destaca o gestor cultural.

Casa Domingos Montagner

A casa onde o ator nasceu e cresceu está na Rua Tijuco Preto, 263, no Tatuapé, zona leste da capital paulista. O portão azul, hoje enferrujado, virou o símbolo do projeto. Wanderley conta que era desejo de Montagner tatuar essa porta de entrada, que foi tão significativa para ele. Infelizmente, não houve tempo para isso.

A residência passou por pequenas reformas para servir de escritório ao projeto, que está aberto ao público de segunda a sexta-feira, das 10h às 14h. No site do Instituto DOM e do financiamento coletivo, há detalhes de como a casa ficará. Será um prédio de três andares destinado a uma exposição permante de Domingos Montagner, sala para educadores, laboratório de desenho de cena, sala de espetáculos e camarins. A equipe estima um orçamento de R$ 2,9 milhões para a construção de 400 metros quadrados de área.

“Nosso cuidado com o projeto arquitetônico é resguardar ao máximo possível e valorizar a memória do Domingos e da casa. O portão de entrada vai estar no futuro prédio, porque tem uma memória relevante não só no sentido da história dele do ator, mas do casarão que tem quase cem anos”, explica Gustavo Wanderley.

Além dos serviços dentro da futura Casa e nas escolas, outra proposta é ocupar a rua onde o espaço cultural será erguido com atividades culturais e artísticas. Com isso, o programa “tem o propósito de criar oportunidades educativas para o desenvolvimento humano de jovens” por meio do circo e do teatro.

Autor: Ludimila Honorato
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