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Temporada 2019-2020 do NBB vê ‘invasão’ de estrangeiros

12/10/2019

A temporada do Novo Basquete Brasil (NBB) que começa neste sábado, com o jogo entre Minas e o atual campeão Flamengo, contará com o maior porcentual (17,7%) de estrangeiros das 12 edições do torneio. Serão 41 jogadores de outras nacionalidades entre 231 atletas inscritos pelas 16 equipes que vão brigar pelo título.

O porcentual de “gringos” de 2019-2020 supera os 15,9% da temporada 2017-2018. Naquela oportunidade foram 35 estrangeiros entre 220 jogadores. No total, o número será o maior desde 2013-2014, quando o NBB contou com 44 atletas de outras nacionalidades entre 319 inscritos, porcentual de 13,8%.

O crescimento foi possibilitado pela aprovação dos clubes de uma mudança nas regras em Assembleia Geral Ordinária da Liga Nacional de Basquete, realizada em julho. O limite subiu de três para quatro estrangeiros por equipe. O número é bastante inferior ao praticado pelas principais ligas do mundo. Na Espanha, atual campeã mundial, por exemplo, o porcentual de estrangeiros é de 68,2%. Na Argentina, são 38,3%.

A argumentação é de que jogadores importantes se aposentaram ou vão deixar o esporte nos próximos anos e não há tanta mão de obra qualificada para substituí-los, reflexo da formação reduzida de atletas entre os anos 90 e final dos anos 2000, período pré-NBB. A medida vale para esta edição e será revista antes do início da temporada 2020-2021. Em contrapartida, todos os times que participam do NBB terão de ter uma equipe na Liga de Desenvolvimento de Basquete (LDB) em 2021.

“A diversidade de nacionalidades em campeonatos é uma realidade mundial. Já houve época em que o Brasil somente exportava jogadores. Hoje, felizmente, temos condições econômicas e técnicas de, além de manter a grande maioria dos nossos principais jogadores aqui no Brasil, trazer diversos atletas de outros países para jogarem o NBB. Isso é bom para o nosso desenvolvimento técnico, para equilibrar a competição, para fazer o NBB mais conhecido em outros países e melhorar o nível do espetáculo”, afirmou Sérgio Domenici, CEO da LNB.

Apesar da liberação, Brasília e Mogi das Cruzes iniciam o NBB sem contar com nenhum estrangeiro em seus elencos. As equipes podem se reforçar até 48 horas antes do início do segundo turno da competição, que está previsto para começar no dia 11 de janeiro de 2020. Nos dois casos, o aspecto financeiro foi determinante.

“Não fomos ao mercado estrangeiro porque, para trazer um jogador barato mais ou menos, eu prefiro valorizar o jogador brasileiro. Se tivéssemos condições financeiras de trazer um jogador de nível, acho que até dois seria um bom número, mas não vou trazer estrangeiro mais ou menos”, explicou Guerrinha, técnico de Mogi.

O perfil desejado é normalmente de jogadores que atuaram em universidades nos EUA ou que já se destacaram em outras ligas do mundo.

Das outras 14 equipes, Corinthians, Rio Claro, São José e Unifacisa-PB contam com o limite máximo de estrangeiros. Bauru está no grupo de sete times que estão com três “gringos”, mas, se fossem contados Larry Taylor e Kevin Crescenzi, que são americanos com cidadania brasileira, seriam cinco. O Paulistano tem dois (o dominicano Solano e o americano Coleman) e Botafogo (o americano Jamaal) e Pato Basquete-PR (o americano Funches), apenas um.

“Eu acho que os estrangeiros ajudam muito a qualificar os times. Acho que os estrangeiros aumentam a competitividade. Eu vejo mais times muito fortes para essa temporada, diferentemente da última temporada, que Flamengo e Franca dominaram. Acho que esse NBB vai ser muito mais difícil e os torcedores vão querer ver mais os jogos porque serão ainda mais competitivos”, afirmou Kyle Fuller, americano naturalizado peruano e um dos estrangeiros do Corinthians. A equipe conta ainda com Nesbitt, Anthony Johnson e Tracy Robinson.

Estreante no NBB, o São Paulo se reforçou com um dos melhores estrangeiros da história da competição, o americano Shamell. A equipe conta ainda com Holloway, eleito o MVP da temporada 2016-2017, mas que ficará seis meses afastado por lesão, e Jones, que se destacou pelo time do Morumbi na última edição da Liga Ouro.

Para o técnico do São Paulo, Claudio Mortari, a presença dos estrangeiros ajuda no fortalecimento do NBB. “Claro que pode limitar um pouco o espaço dos brasileiros se pensarmos em seleção, mas, como a liga pertence aos clubes, o que está em jogo é a força da competição que podemos ter e, neste aspecto, os estrangeiros são importantes. A liga precisa fazer um torneio forte para motivar o público”, defende.

Técnico do Corinthians e auxiliar de Aleksandar Petrovic na seleção brasileira adulta, Bruno Savignani prefere aguardar o fim da temporada para uma análise mais aprofundada sobre o tema. “Como foi uma decisão tomada pelos clubes e pela liga, não tem muito o que eu comentar. Mas só vamos conseguir ter uma análise mais profunda a partir do encerramento desta temporada. Como é o primeiro ano, só vamos conseguir analisar depois se foi positivo ou não”, afirmou o treinador.

Autor: Marcius Azevedo
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