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Ato em defesa de líderes catalães paralisa Barcelona

15/10/2019

Milhares de pessoas ocuparam nesta segunda-feira, 14, o Aeroporto de El Prat, em Barcelona, em protesto contra a condenação de 12 líderes separatistas catalães. As principais ruas da cidade foram bloqueadas e os serviços de trens urbanos e do metrô foram interrompidos. A polícia reprimiu com violência as manifestações. Mais de 100 voos foram cancelados, 56 pessoas ficaram feridas – 37 no aeroporto.

Imagens de TV flagraram agressões graves. Em um vídeo postado na internet, um policial dispara uma bala de borracha à queima-roupa contra um manifestante na entrada do terminal. Em outra gravação, um policial acerta com um cassetete a cabeça de um jovem que estava de costas.

O caos começou assim que o Tribunal Supremo da Espanha condenou nove líderes separatistas a penas de prisão que variam de 9 a 13 anos por sedição em razão do referendo de outubro de 2017, realizado apesar de uma proibição do governo em Madri. Outros três réus foram considerados culpados de desobediência e não receberam penas de prisão.

As sentenças foram consideradas pesadas. O ex-vice-governador catalão Oriol Junqueras recebeu pena de 13 anos de cadeia, a maior entre os separatistas. Ele afirmou que o movimento voltará mais forte. “Voltaremos e voltaremos mais fortes. Não tenham nenhuma dúvida, voltaremos e venceremos”, afirmou Junqueras, em carta escrita na prisão e publicada pelo partido Esquerda Republicana da Catalunha (ERC).

Entre os outros condenados estão Raul Romeva, Jordi Turrull e Dolors Bassa, que receberam sentença de 12 anos por sedição e mau uso de dinheiro público. Josep Rull e Joaquim Forn foram condenados a 10 anos e meio por sedição, mas absolvidos das acusações de malversação de recursos. A ex-presidente do Parlamento catalão Carme Forcadell recebeu uma sentença de 11 anos e meio e os deputados Jordi Sánchez e Jordi Cuixart foram condenados a 9 anos.

O ex-líder do governo catalão Carles Puigdemont disse que as penas de prisão são uma “atrocidade”. “Cem anos de prisão no total. Uma barbaridade. Agora, mais do que nunca, (estou) ao lado de vocês e de suas famílias. Temos de reagir como nunca”, tuitou Puigdemont, que fugiu em outubro de 2017 para a Bélgica e é alvo de uma ordem de prisão na Espanha.

O chefe do Parlamento regional, Roger Torrent, classificou as sentenças como um “ataque à democracia”. “Fomos todos condenados, não apenas 12 pessoas”, disse Torrent. “As condenações são um ataque à democracia e aos direitos dos cidadãos.”

Quim Torra, atual governador da Catalunha, descreveu as sentenças como “vingança” e pediu que a população proteste “pacificamente” contra o que chamou de “grande injustiça”. “Fazer um referendo não é um crime contemplado no Código Penal. Hoje, houve vingança, não justiça. O povo catalão não aceitará isso”, disse Torra, que solicitou uma reunião de emergência com o premiê Pedro Sánchez e outra com o rei Felipe VI.

Em Madri, Sánchez não pareceu disposto ao diálogo. O premiê disse que as sentenças confirmam o “naufrágio” do projeto independentista e pediu que os catalães abandonem o “extremismo” e aceitem “uma nova etapa” de convivência com o governo central. (Com agências internacionais).

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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