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Um risco desnecessário

26/08/2019
Um risco desnecessário

A preocupação do governo em relação ao ensino  técnico é saudável. Sempre se reconheceu que o setor merece tratamento prioritário.  Mas o que não se pode aceitar é a indevida intervenção do Estado em entidades privadas.  O projeto que está sendo gestado pretende rever a distribuição dos recursos no que chamamos de Sistema S.  Boa parte da arrecadação dessas entidades seria remanejada para um novo fundo destinado à formação técnica.  O fato concreto é que as entidades do Sistema S trabalham com fundos criados na década de 40 (governo de Getúlio Vargas) com a mesma finalidade.

Se vingar a nova proposta do Ministério da Economia haverá uma drástica redução no alcance, sobretudo das ações do SESC, que hoje atende a milhares de estudantes com os seus projetos de educação permanente

Vale a pena acompanhar  o raciocínio do competente Danilo Santos de Miranda, diretor regional do SESC de São Paulo: “Temos  31 unidades somente no estado de São Paulo. São milhares de jovens que utilizam equipamentos e instalações de primeira qualidade, abertos a todos os  estratos sociais. O SESC desenvolve um trabalho notoriamente eficaz e profundamente educativo há mais de 60 anos. Esse é um patrimônio que não deve ser sacrificado.”

A entidade defende a utilização da educação permanente com instalações de primeira qualidade,  reunindo um público inteligentemente diversificado. Esse é um riquíssimo patrimônio que não pode e nem deve ser sacrificado.  Estamos de acordo com a visão do professor Danilo sobre esse importante trabalho: “Tornar a educação meramente técnica e pragmática, dissociando-a do universo simbólico, subjetivo e crítico, cerne da ação cultural, é um evidente retrocesso.”

Todos defendemos a continuidade dessa importante ação, que não pode e nem deve sofrer interrupções indesejáveis.  O Sistema S tem uma grande importância, na educação brasileira, sendo indesejável que haja qualquer tipo de prejuízo no seu andamento.  Quando nos referimos a isso, queremos abordar o SESC, mas também o SENAC, com as suas admiráveis escolas em diversos estados do nosso país.

Não se pode evitar os chamados achaques da modernidade.  Vale a pena sempre procurar os aperfeiçoamentos no sistema, até em função do seu apreciável tamanho.  É claro que todos desejamos sucesso ao ensino técnico, como aconteceu em tantos países desenvolvidos, como é o caso da Alemanha, da Finlândia e da Austrália.  Sempre é saudável acompanhar o que fazem esses países, aos quais podemos agregar também a Coréia do Sul, que visitamos cuidadosamente há cerca de 10 anos. Há exemplos notáveis  sobretudo nos currículos de ensino médio e muita coisa pode ser aplicada à nossa realidade. Mas, para fazer isso, não se pode e nem se deve abrir mão de conquistas anteriores, como aconteceu com os eventos do SESC e do SENAC.