Variedades

Série ‘The Righteous Gemstones’ estreia na HBO no domingo, às 23h

17/08/2019

Os Gemstones são uma família como qualquer outra, cheia de conflitos. Mas eles também são poderosos – se fossem da máfia, seriam rivais dos Corleones. Só que os protagonistas de The Righteous Gemstones, que estreia na HBO no domingo, 18, às 23h, atuam em outro ramo: uma me ga e lucrativa igreja evangélica, com programa de TV e cultos que parecem shows pop. E, vindo da lavra de Danny McBride, criador de Vice Principals e ator de comédias, há mais risadas do que drama. Mas ele avisa: a intenção não é zombar da fé de ninguém. “Quem sou eu para saber o que faz alguém se sentir melhor”, adiantou McBride em entrevista ao ‘Estado’.

“Tem gente que vai ao cinema ver um filme da Marvel. Tem gente que vai à igreja. Fora que eu tenho medo de ir para o inferno”, completou o ator, que perde o amigo, mas nunca a piada. Ele foi criado indo ao culto três vezes por semana. Sua mãe era pastora, e a tia, também. “Queria fazer algo que minha tia pudesse assistir e achar engraçado. Não acho que ela vá gostar muito da linguagem e do uso de drogas, mas enfim”, disse o ator, rindo. Ele deixou de frequentar a igreja, porém, quando seus pais se divorciaram, e a comunidade virou as costas para sua mãe.

A ideia de The Righteous Gemstones, que McBride produz com seus amigos de faculdade, o cineasta David Gordon Green (do último Halloween) e Jody Hill, é falar da hipocrisia. Eli Gemstone (John Goodman), o patriarca, está meio perdido desde a morte da mulher, mas toca a sua monumental igreja. No 1.º episódio, há um batismo coletivo numa piscina de ondas gigantesca na China. Seus dois filhos homens ajudam na empreitada: Jesse (Danny McBride) e Kelvin (Adam Devine). Todos vivem em casas espetaculares e viajam a bordo de seus jatos – cada um tem o seu. “Foi engraçado porque, pesquisando no YouTube, depois de rodar o piloto, vimos o líder de uma dessas igrejas falando de seu avião particular”, lembrou McBride. Kelvin tenta ser cool e atrair “o Justin Bieber”, como contou o ator. “Alguns desses pastores têm contas de Instagram em que mostram seus vários pares de tênis de US$ 2 mil cada um”, contou. “Mas entendo quem frequenta: se em vez de ir a uma missa da igreja católica, como quando era pequeno, me oferecessem um lugar com parede de escalada e videogame, eu iria no mesmo instante!”

A série não é só comédia e explora bem a complexa família. As coisas se complicam quando Jesse, casado com a bem-comportada Amber (Cassidy Freeman), é chantageado por causa de um vídeo de uma festa regada a cocaína e sexo. Sua irmã Judy (Edi Patterson), mantida fora dos negócios, entra em cena para tentar resolver o assunto, com consequências hilárias.

Em meio às risadas que provoca, a série também faz pensar: será que os Gemstones fundaram uma igreja só para ganhar dinheiro ou tinham intenções boas e se deixaram levar pela ganância? “Foi isso que me interessou”, explicou McBride. “Como as pessoas perdem totalmente a noção e não veem a hipocrisia entre o que pregam e como agem?” Mas o ator e criador de The Righteous Gemstones acha que a hipocrisia está em todas as partes na nossa sociedade. “É muito pertinente ao nosso momento atual. É só ver como as pessoas se apresentam online e como vivem realmente suas vidas. Então a série não é para atacar a religião. A mensagem é mais ampla.”

Ele espera críticas, no entanto. “As pessoas se chateiam por tudo hoje em dia. A sorte é que tenho a casca grossa porque meus trabalhos nunca foram unanimidade”, disse McBride. “Mas eu tive muito cuidado e falo de novo que não quis colocar nada destrutivo no mundo nem insultar a crença de ninguém, apenas falar de gente que explora a fé dos outros para seu próprio lucro.”
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Autor: Mariane Morisawa, especial para a AE
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