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Com demanda por cautela e fator técnico, dólar à vista supera valor do futuro

27/08/2019

O dólar segue valorizado no mercado à vista e a demanda maior deixa a cotação levemente acima do valor do dólar futuro de setembro, que mostra viés de baixa. Pouco antes do fechamento deste texto, o Banco Central vendeu o lote integral de US$ 550 milhões no mercado à vista e também realizou venda paralela de swap reverso no mesmo montante. Com isso, não haverá leilão de swap tradicional no fim da manhã.

Os ajustes são influenciados em parte pelo ganho moderado do dólar ante divisas emergentes no exterior, mas respondem também à persistente cautela com o cenário doméstico e a fator técnico de fim de mês. No radar estão a discussão de adoção de imposto semelhante à Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) e o desgaste da imagem do presidente Jair Bolsonaro no exterior com as queimadas da Amazônia, especialmente após negar ajuda financeira do G-7 e fazer mais críticas ao presidente da França, Emmanuel Mácron.

O operador Thiago Silêncio, da CM Capital Markets, ressalta que o dólar à vista opera levemente acima do dólar futuro de setembro por dois fatores principais: há pressão de demanda à vista maior por causa dos ruídos políticos internos e isso se reflete em leve alta da taxa do cupom do dólar casado. A ideia é que a taxa do casado seja negociada a 5,10%, mas ainda não houve operações, comenta. “A pressão à vista reflete também fator técnico pela proximidade dos vencimentos de contratos futuros de 1º de setembro”, explica. “Essa convergência de valores é normal em fim de mês”, afirma.

“Os ruídos políticos envolvendo o presidente da Câmara Rodrigo Maia e a Polícia Federal colocam apreensão em relação à tramitação da reforma tributária e da Previdência no Senado também”, afirma Thiago Silêncio.

Além disso, ele diz que as questões sobre as queimadas na Amazônia são monitoradas, mas aparentemente com impacto menor nos negócios, por enquanto.

Notícias relacionadas ao BTG Pactual também continuam no radar, afirma ele, após o desconforto no câmbio e na Bolsa ontem.

A possibilidade de recriação da extinta CPMF é outro foco de atenção, mas ainda não impacta diretamente no preço do dólar, diz. Já no exterior, de acordo com o profissional da CM, há um leve apetite por ativos de risco com sinais de alívio momentâneo nas relações comerciais sino-americana.

Às 9h40, o dólar à vista subia 0,31%, aos R$ 4,1528. O dólar futuro para setembro recuava 0,07%, aos R$ 4,1525.

Autor: Silvana Rocha
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