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Mau atendimento no Santa Rita expõe as vísceras da saúde em Palmeira

03/06/2019

Hospital Santa Rita

Na última semana, o assunto que voltou à tona em Palmeira dos Índios foi a relação do Hospital Santa Rita com seus usuários, especialmente aqueles que dependem do SUS para ter um atendimento médico naquela casa de saúde.

Tudo iniciou com o relato nas redes sociais da ex-vereadora Sheila Duarte (PT), que também é funcionária do hospital há 25 anos. De forma contundente, a ex-vereadora reabriu uma ferida que não quer sarar e foi contundente, revelando que a sua mãe teve o atendimento negado porque se exigiu dela, no ato do procedimento, após uma consulta – o pagamento à vista de uma injeção, caso contrário, sua genitora não seria atendida.

O interessante é que Sheila Duarte é uma das ‘madrinhas” da instituição, pois foi através de seus pedidos que o deputado Paulão destinou recursos para o nosocômio na ordem de R$6 milhões utilizados na modernização de equipamentos de sua estrutura.

Protesto da ex-vereadora Sheila Duarte nas redes sociais

Outro fato semelhante ocorreu com o advogado Everaldo Titara, que após passar mal no sábado (1º) e ter sido encaminhado pela UPA para o Hospital Santa Rita teve que esperar mais de duas horas para ser atendido – mesmo estando sua saúde em situação delicada.

Foi necessário, um apelo comovente de uma filha do advogado e a intercessão do presidente da OAB local Marcus Ribeiro que entrou em contato com algumas pessoas ligadas a direção do hospital para que Titara fosse atendido. O assunto que ganhou rápido repercussão nas redes sociais revelou que o advogado só foi atendido após o vereador Pedrinho Gaia (filho do provedor do Hospital licenciado) receber uma ligação do Controlador do Município e autorizar seu atendimento.

Esses casos que ganharam repercussão – por causa dos pacientes que são pessoas de notoriedade na sociedade local – suscitaram a pergunta de quantos anônimos não têm negado o atendimento médico no Hospital Santa Rita e não possuem vez e voz para protestar?

Mensalmente, mais de R$1,5 milhão (um milhão e meio de Reais) são repassados ao Hospital Santa Rita pela prefeitura que recebe esses recursos do SUS. O hospital subsiste em razão do Poder Público, porém limita o atendimento a cidadãos e usuários do SUS que tem direito garantido ao atendimento.

Além disso, uma famigerada cobrança de R$90 para consultas realizadas para quem não tem convênio médico ainda persiste e mais algumas despesas a serem pagas na hora do atendimento se precisar de medicamentos ou injeções, por exemplo.

Mesmo com essa cobrança absurda, isso não afasta o usuário mais pobre da instituição – que se sacrifica financeiramente para ser atendido no hospital ao invés de ter que enfrentar a assustadora Unidade de Pronto Atendimento (UPA), local de relatos tenebrosos de mau atendimento, que foi inaugurada há quatro anos – mas só atende com médicos generalistas e mesmo assim precariamente.

Os postos de saúde também não estão atendendo a contento a população. Reclamações de usuários em determinadas unidades básicas de saúde são constantes por marcações de exames extrapolarem o prazo em meses para realização.

Desde a saída de Katia Born, como titular da pasta – que já era criticada ferozmente na cidade, os serviços de saúde declinaram e a substituta de nome Lígia, interina há 3 meses, não deu conta do recado.

Porém é preciso dizer que a ausência de serviços básicos essenciais ao cidadão, bem como o desleixo do Hospital Santa Rita recai tão somente nas costas do prefeito que prometeu e até agora não conseguiu cumprir a promessa da gratuidade no hospital. E meios existem para realizar. Ele é consciente disso.

Julio Cezar prometeu em sua campanha (2016) que iria abrir as portas do hospital para a população sem que essa tivesse que pagar alguma coisa para entrar ou sair. Durante dois anos e meio de mandato o prefeito Julio Cezar ainda não conseguiu cumprir sua promessa em face da pressão política dos que dirigem o hospital palmeirense, que nos últimos anos arrecadou dezenas de milhões de Reais dos cofres públicos via SUS, além de outros milhões de Emendas parlamentares.

Representação no Ministério Público

Um grupo de cidadãos,  liderados pelo advogado Luciano Galindo irá ingressar com uma representação no Ministério Público Estadual para averiguar supostas irregularidades e deficiências na organização estatutária da associação do Hospital palmeirense.

Luciano diz que o hospital recebe quase 90% de verba pública, mas é fechado para participação popular em seu quadro de associados, tornando-se uma verdadeira caixa preta que precisa ser aberta.

Galindo quer abrir caixa preta do Santa Rita