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Cautela política interna direciona Ibovespa

05/06/2019

A agenda política interna direciona os negócios na B3 nesta quarta-feira, 5. O Ibovespa abriu em leve alta, mas passou a operar perto da estabilidade, com viés negativo. Às 11h04, caia 0,28%, aos 97.104,84 pontos, na mínima.

O movimento vai na contramão do desempenho das bolsas de Nova York, que sobem. Por lá investidores avaliam dados fracos do mercado de trabalho e índices de atividade.

Mais cedo, o resultado da geração de vagas do setor privado norte-americano decepcionou, ao criar 27 mil empregos em maio. As expectativas eram de geração de 173 mil postos de trabalho. O dado reforça a ideia de analistas de corte na taxa de juros nos EUA este ano.

“Lá fora subiu bem nos últimos dias, mas aqui não atendeu às expectativas. O clima por aqui está ameno, o governo está evoluindo na pauta de reformas, mas é preciso andar com mais certeza, ter algo mais concreto especialmente quanto à reforma previdenciária”, diz Luiz Roberto Monteiro, operador da mesa institucional da Renascença DTVM.

Na corrida para impedir o descumprimento da chamada regra de ouro, é esperada para hoje a votação de projeto que abre um crédito extra de R$ 248,9 bilhões, na Comissão Mista de Orçamento (CMO) do Congresso Nacional.

Os investidores ainda devem ficar de olho no desempenho das ações de estatais, sobretudo Petrobras. É que também hoje o Supremo Tribunal Federal (STF) retoma julgamento para decidir sobre liminar que condicionou a privatização de estatais ao aval do Congresso.

O Plenário da Câmara deve apreciar proposta de emenda à Constituição do orçamento impositivo (que inclui emenda para pagamento da cessão onerosa à petroleira) e a proposta que regulamenta os prazos de tramitação das medidas provisórias no Congresso. Ontem, o ministro da Economia, Paulo Guedes, criticou decisão do STF que barrou a venda da Transportadora Associada de Gás (TAG) da Petrobras.

Apesar de positiva, a forte alta registrada nos últimos dois pregões em Nova York não pode ser tomada como definitiva, pondera o economista Silvio Campos Neto, sócio da Tendências Consultoria Integrada. Conforme ele, os fatores adversos que geraram a releitura sobre o Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) – de corte do juro – seguem presentes, com o risco de agravamento da guerra comercial e de intensificação da desaceleração das principais economias.

“Ou seja, embora os investidores vejam um possível afrouxamento monetário como antídoto para este mal estar, ainda é um quadro propício à elevada volatilidade. De todo modo, a expectativa de cortes na taxa de juros nos EUA, mesmo que não neste momento, ajuda a aliviar parte do estresse das últimas semanas, avalia Campos Neto.

Autor: Maria Regina Silva
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