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Dia da Luta Antimanicomial é comemorado com apresentações

18/05/2019
Dia da Luta Antimanicomial é comemorado com apresentações

Como forma de mostrar à população o trabalho desenvolvido nos Centros de Atenção Psicossocial de Maceió, acabar com preconceitos existentes e comemorar o Dia da Luta Antimanicominal, celebrado no dia 18 de maio, a Secretaria Municipal de Saúde levou apresentações culturais e exposições ao Maceió Shopping, localizado no bairro Mangabeiras, nessa sexta- feira (17).

A ação contou com apresentações musicais, capoeira, sarau e exposições, todas as atividades compostas e realizadas por usuários dos serviços da geridos pela Gerência de Atenção Psicossocial. Uma das apresentações foi do coral Voa Voa, do Caps Noraci Pedrosa.  Entre os integrantes, está Alexsandro Batista. Ele é um dos usuários e encontrou na atividade uma nova maneira de ver a vida.

“Pra mim é uma das melhores, gosto bastante do coral, foi onde eu me encontrei. Eu tenho depressão e foi através do coral que eu comecei a me sentir melhor. Eu cheguei lá [no Caps] muito debilitado, mas as atividades me deram um novo horizonte. Hoje eu me identifico bastante com o coral e to feliz”, conta o usuário que integra a atividade há mais de três meses.

Alexsandro, que atualmente faz gastronomia, também atuará como oficineiro nos serviços, visando levar mais uma forma de reabilitação para seus colegas. “Infelizmente as pessoas que não conhecem o trabalho, enxergam com uma visão totalmente diferente. Na realidade, hoje, graças a Deus temos um tratamento diferenciado em que nos sentimos bem e somos bem cuidados por uma equipe maravilhosa. Hoje eu me sinto em casa no Caps e até sinto falta quando não tem. É um lugar que realmente é importante, porque tá trazendo a minha recuperação e dos meus colegas”, enfatiza.

Atividades de reabilitação e reinserção social

A coordenadora do Núcleo de Cultura e Reabilitação Psicossocial, Sônia Lubiana, se emociona ao falar da recompensa profissional que os servidores têm vendo a alegria dos pacientes nos eventos. “A gente tenta trazer esse olhar de uma visão diferenciada tanto dos usuários, como dos familiares, para que a população veja como ele são importantes e como é importante a gente estar comemorando esse Dia da Luta Antimanicomial, ou seja, essa realidade deles fora e livres de um manicômio. É só ver que tem pessoas que estavam em manicômios há mais de 20 anos, mas que estão aí interagindo. Então é um trabalho gratificante e o valor é saber que eles estão ali rindo e felizes”, pontua.

Além do canto, seja por meio do coral ou apresentações solo como de Soninha Omena e Lucas Cristo, outras potencialidades são destacadas nas atividades realizadas nos Caps com os usuários com transtornos mentais ou problemas com álcool e outras drogas. As atividades de canto, artes cênicas, instrumentos musicais, artesanato, capoeira e tantas outras trazem esse usuário a demonstrar as suas capacidades e habilidades, como comenta a psicóloga da gerência, Suzana Cunha.

“Essas atividades servem exatamente para destacar as potencialidades. Eu não canto como a Soninha Omena que cantou agora há pouco, eu não faço trabalhos manuais assim, belíssimos. E a gente traz isso justamente para conscientizar o público que frequenta o shopping, que essas pessoas, portadoras de transtorno mental, merecem acima de tudo, respeito, como todos nós”.

Eliselba Carvalho também é usuária de um dos Caps de Maceió e integrante do Coral há mais de um ano. “Gosto de participar do coral, porque é uma terapia ótima pra gente. Os ensaios acontecem toda quinta. E hoje estamos aqui hoje pra apresentar. Além disso, lá tem a zumba, capoeira, geração de renda e eu gosto de todas. E os profissionais são atenciosos, tratam a gente com muito amor e carinho”, relata.

Sociedade sem preconceito

Izolda Dias, gerente de Atenção Psicossocial da SMS, destaca os avanços na área da saúde mental com relação à luta antimanicomial, desde 1987, quando aconteceu, em Bauru, São Paulo,  o II Congresso Nacional de Trabalhadores em Saúde Mental.

“A luta antimanicomial vem avançando e a gente já vê em Maceió e outras cidades de todo o país, vários usuários que viviam trancados em hospitais psiquiátricos já tendo uma vida mais autônoma. A gente sabe de toda problemática, sabe que não é fácil, mas eles precisam muito de carinho, amor e atenção, que é algo que a sociedade não fez por eles e nós estamos tentando resgatar tudo isso”, explica

A gerente ainda aborda a atuação dos serviços, que tentam mostrar à sociedade que essas pessoas são capazes e  precisam ser incluídas. “É preciso também que a sociedade tenha um olhar diferenciado pra essas pessoas que, infelizmente, ainda são muito excluídas. Isso faz com que eles não tenham essa integração na sociedade, porque existe muito preconceito, não só com o paciente com transtorno, mas também com o usuário de álcool e outras drogas”, enfatiza.