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Noitão do Belas Artes vai exibir filmes noir, como ‘Veludo Azul’ e ‘Sin City’

26/04/2019

Gênero ou estilo? Os especialistas discutem o que, afinal, é o chamado filme noir. Discutem e polemizam, porque o conceito se aplica a dramas, westerns, até ficções científicas. Há muita controvérsia. Noir virou uma definição para um estilo de filme, independentemente do gênero, baseado em fortes contrastes de luz e sombra, quase sempre desenrolado em ambiente urbano e com temas que giram em torno de homens enganados por mulheres, de homens e mulheres enganados pelas aparências, em busca de algo que não vão conseguir.

O conceito veio da literatura, da narrativa de relatos policiais por grandes escritores. Passou ao cinema com as adaptações de Dashiell Hammett e Raymond Chandler, cujos detetives emblemáticos – Sam Spade e Philip Marlowe – brilharam, em obras cultuadas de John Huston e Howard Hawks, nos anos 1940, como Relíquia Macabra (que foi como se chamou no Brasil O Falcão Maltês) e À Beira do Abismo. Com um ‘private eye’, o detetive particular, vem sempre a femme fatale, que aumenta o perigo dos homens.

Nesta sexta, 26, o Noitão do Belas Artes paga tributo ao noir por meio de uma seleção de cinco filmes, que farão a delícia dos cinéfilos. Quatro, você entrará no conjunto de salas sabendo quais são. São filmes noir modernos, ou de produção mais recente, que viraram cults – O Destino Baste à Sua Porta, de Bob Rafelson; Veludo Azul, de David Lynch; Los Angeles – Cidade Proibida, de Curtis Hanson; e Sin City – A Cidade do Pecado, de Frank Miller e Robert Rodriguez. O quinto é o tradicional filme-surpresa de todo Noitão que se preze. Qual será? A seguir, as informações sobre os filmes anunciados e conhecidos e algumas possibilidades que poderiam tornar o filme-surpresa ainda mais atraente.

Os filmes

O Destino Bate à Sua Porta

Em 1981, Bob Rafelson fez a terceira adaptação do livro famoso de James M. Cain, que já havia sido levado para as telas duas vezes nos anos 1940. Com Luchino Visconti virou Obsessão, em 1942, e o filme é considerado precursor do neorrealismo. Em 1946, Tay Garnett fez a primeira versão hollywoodiana, com Lana Turner e John Garfield. Ousado para a época, o filme é casto perto da versão de Rafelson, em que Jessica Lange usa toda a sua sensualidade parta enredar Jack Nicholson num plano para matar o marido dela. A cena de sexo dos dois sobre a mesa era, e continua sendo, intensa.

Veludo Azul

O quarto longa de David Lynch – após Eraserhead, O Homem Elefante e Duna – confere às bizarrices anteriores uma dimensão que o catapultou ao panteão dos grandes. Naquela grama verde, é encontrada uma orelha decepada. Kyle McLachlan investiga e chega ao cabaré em que Isabella Rossellini canta Blue Velvet e ao misterioso Dennis Hopper, que domina a perversidade da cidadezinha com seus jogos sadomasoquistas.

Los Angeles – Cidade Proibida

Curtis Hanson ganhou o Oscar de roteiro por essa adaptação do romance de James Ellroy sobre dupla de detetives (Guy Pearce e Russell Crowe) que investiga assassinatos num café exclusivo e descobre esquema de prostituição de luxo acobertado pelo chefe de polícia e figurões da política e da indústria do cinema. Kim Basinger recebeu o prêmio de melhor coadjuvante por sua atuação em Veronica Lake. Um filmaço, mas era o ano de Titanic e não levou os prêmios principais.

Sin City

A graphic novel de Frank Miller adaptada pelo próprio e por Robert Rodriguez. Visual estilizado para o mosaico de histórias que vão ao submundo da cidade do pecado. Um vendedor narra uma história de dependência, um vigilante procura o amor perdido, policial persegue assassino de crianças e ex-prostituta escapa do antigo cafetão com o novo namorado. Elenco de luxo, com Jessica Alba, Rosario Dawson, Mickey Rourke, Clive Owen, Bruce Willis e Benicio Del Toro. Quentin Tarantino dirigiu uma cena. Não serás difícil descobrir qual. Tem a ver com carro, cadáver e um diálogo muito maluco.

O Noitão

Um dos já tradicionais programas do Belas Artes, o Noitão movimenta as madrugadas na esquina da Avenida Paulista com a Consolação, em São Paulo, com sessões mensais. Na programação, filmes envolve três ou mais salas do cinema, com programações diferentes à escolha do cinéfilo. São três longas exibidos em sequência, com sorteios de prêmios, filmes-supresa, música nos intervalos das sessões e café da manhã para os “sobreviventes” da maratona, que encerra na manhã de sábado.

Serviço:

NOITÃO – Cinema Noir

Cine Belas Artes

Rua da Consolação, 2.423

Telefone: (11) 2894-5781

6ª (26), a partir das 23h30

Ingressos: R$ 38,00 e R$ 19,00 (meia, para estudantes e melhor idade) e dão direito a três filmes, exibidos em sequência. Tem poltronas numeradas. Compra na bilheteria ou pelo site

Autor: Luiz Carlos Merten
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