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Na Espanha, cidade recebe dois clássicos entre Sevilla e Bétis no mesmo dia

13/04/2019

Enquanto no futebol paulista a torcida única vem se tornando a solução adotada pelas autoridades para garantir a segurança nos estádios em dias de clássicos, a cidade de Sevilha, na Espanha, foi palco de dois dérbis, entre Sevilla e Betis no mesmo dia, com um intervalo de pouco mais de 7 horas, neste sábado.

O primeiro “Grande Dérbi”, como é conhecido uma das principais rivalidades do país, foi histórico. Pela primeira vez o estádio do Betis, Benito Villamarín, recebeu as duas equipes para um jogo de futebol feminino.

A partida, válida pela 27° rodada do Campeonato Espanhol, terminou 1 a 1, com gols de Bea Parra (Betis) e Karen Araya (Sevilla). No total, 23.812 pessoas estiveram presentes nas arquibancadas, com maioria do time da casa. Mas era possível ver algumas camisas do Sevilla em meio aos arquirrivais, sem qualquer incidente. Durante a semana que precedeu o embate, várias ações de marketing foram feitas para promover o jogo, incluindo até mesmo atletas dos times masculinos.

Sócios e acionistas do Betis, que são 14 mil, podiam pagar 1 euro (R$ 4) pelas entradas. Já para o público em geral, os valores eram de 5 euros (R$ 22). Todo dinheiro arrecadado será doado pelo Betis para a Associação Andaluza de Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA).

Essa foi mais uma demonstração do crescimento da modalidade na Espanha. No último mês de março, Atlético de Madrid e Barcelona bateram o recorde de público do futebol feminino em jogos de clubes ao atuarem para 60.739 espectadores no novíssimo Wanda Metropolitana, em Madri.

A VEZ DOS HOMENS – Exatamente 7h15 depois das mulheres, foi a vez dos homens entrarem em ação no Ramón Sánchez Pizjuán, casa do Sevilla, pelo Espanhol. Desta vez, a equipe mandante levou a melhor, venceu por 3 a 2 e fez a festa dos 42.855 espectadores. Os gols foram marcados por Munir, Sarabia e Vázquez. Lo Celso e Tello descontaram para os visitantes.

Com o resultado, o Sevilla chega aos 52 pontos e ultrapassou o Getafe, que tem um jogo a menos, e assumiu a quarta colocação, posição que garante a vaga para a próxima edição da Liga dos Campeões. Do outro lado do dérbi, o Betis estacionou na nona posição, com 43 pontos, e ainda pode cair na classificação até o fim da 32ª rodada.

TRAGÉDIAS ACALMAM A VIOLÊNCIA – Quem já teve a oportunidade de assistir a um show de flamenco ou participar de uma procissão da Semana Santa de Sevilha sabe como tudo na cidade é vivido com muito sentimento e paixão. Essa intensidade natural da região também ocorria dentro campo e provocavs grandes conflitos fora dele.

No auge da tensão, em 2007, o técnico do Sevilla, Juande Ramos, teve que deixar o estádio do Bétis de ambulância depois de ser atingido por um objeto na cabeça e sofrer um traumatismo craniano. No entanto, as torcidas mais hostis dos dois lados fizeram uma espécie de pacto de paz depois de atletas de ambas equipes morrerem de forma trágica.

No Sevilla, o lateral Antonio Puerta faleceu aos 22 anos, dias após sofrer uma parada cardíaca em campo, em 2007. O jogador tem uma parte de destaque no museu do clube e sua camisa 16 sempre é vista como um símbolo de luta.O Betis também perdeu um atleta de forma dramática. O zagueiro Miki Roqué descobriu um câncer pélvico em um exame de rotina em 2011 e em 2012 acabou morrendo, com apenas 23 anos.

“Depois disso os torcedores mais fanáticos se juntaram e entenderam que o futebol é espaço para brincadeiras, provocações e nada mais que isso”, explica o diretor do site esportivo sevilhano Elemasque, Javier Padilla.

Estes fatos foram marcantes, porém não os únicos responsáveis por controlar a violência. Existe uma grande operação para identificar e controlar tudo que possa sair do controle. Para o dia em que a cidade recebeu dois clássicos, 800 agentes estavam destacados para fazer a segurança dos jogos.

Autor: Renan Fernandes
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