Política

Em encontro com índios, Bolsonaro ameaça cortar diretoria da Funai

17/04/2019

O presidente Jair Bolsonaro ameaçou nesta quarta-feira, 17, durante encontro com índios de diferentes etnias, promover demissões na Fundação Nacional do Índio (Funai). Ele pregou que o órgão siga decisões dos índios. “O povo indígena é que diz o que a Funai vai fazer, senão corto diretoria da Funai”, disse o presidente.

Apesar de ter enumerado críticas à legislação ambiental e defendido a liberação do garimpo em terras indígenas, o presidente afirmou que as áreas já demarcadas devem ser respeitadas: “Terra demarcada, terra respeitada, sem problema nenhum”.

No encontro, que reuniu índios de diferentes etnias, entre elas os povos yanomami e paresí, Bolsonaro afirmou que deseja libertar os índios da escravidão. “Se Deus quiser, nós vamos tirar os índios da escravidão”, disse o presidente, durante a transmissão ao vivo, pelas redes sociais, do encontro com os índios.

O presidente classificou a reunião como um ponto de inflexão para “acabar com a demagogia”. O encontro ocorreu uma semana antes de a capital federal sediar a maior mobilização indígena do País, o acampamento Terra Livre, promovido anualmente pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil, que faz críticas ao governo.

Os representantes de povos indígenas das regiões Norte, Centro-Oeste e Nordeste levados ao encontro no palácio foram ciceroneados pelo secretário de Assuntos Fundiários do Ministério da Agricultura, o ruralista Nabhan Garcia.

Bolsonaro ouviu relatos dos representantes indígenas e classificou as Organizações Não-Governamentais (ONGs) internacionais como “inimigas”. O presidente afirmou que as ONGs são “picaretas” e que também há servidores “picaretas” dentro do governo federal. “Tem brasileiro mau caráter infiltrado em várias instituições”, declarou Bolsonaro. “Todas as ONGs que trabalham contra vocês (índios) são nossos inimigos.”

Autor: Felipe Frazão
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