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Brasileiros denunciam xenofobia na Universidade de Lisboa

29/04/2019

Cartazes xenófobos contra estudantes brasileiros abriram uma crise nesta segunda-feira, 29, na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, a mais tradicional instituição de formação de advogados da capital portuguesa. Um grupo de estudantes portugueses colocou um cartaz oferecendo pedras grátis para atirar em alunos brasileiros.

“Grátis se for para atirar a um zuca (que passou à frente no mestrado)”, dizia o cartaz. Zuca é uma gíria para se referir a brasileiros. Estudantes estrangeiros prometem uma grande manifestação na porta da faculdade na quinta-feira, 2 de maio, para pedir medidas contra a xenofobia.

Na tarde desta segunda-feira, 29, alunos brasileiros denunciaram o cartaz à direção da faculdade. O caso chegou até o reitor da universidade, António Cruz Serra, que anunciou a instauração de um processo disciplinar. O processo pode levar até a expulsão dos alunos e os impedir de conseguir entrar para a ordem dos advogados de Portugal. A direção da faculdade de Direito marcou para a manhã de terça-feira uma reunião com os representantes discentes dos brasileiros.

“Este é mais um episódio de xenofobia de portugueses contra alunos estrangeiros. Mas estamos satisfeitos com a resposta da universidade”, afirmou Elizabeth Matos Lima, aluna de mestrado da instituição e presidente do Núcleo de Estudos Luso-Brasileiros (Nelb), que representa os estudantes do Brasil.

Elizabeth explica que a tensão entre portugueses e brasileiros tem sido crescente, sobretudo nos últimos dois anos, por causa de um forte aumento da presença de alunos de mestrado e doutorado vindos do Brasil.

“É comum que nas turmas de mestrado, de 15 alunos, de 10 a 13 sejam brasileiros”, conta. Segundo ela, professores da graduação da faculdade local são muito rigorosos nas notas. Na seleção para o mestrado e doutorado, na análise do histórico escolar, os brasileiros em geral têm notas muito superiores e ficam com as vagas. A Universidade de Lisboa é pública, mas cobra mensalidade.

Autor: Luciana Alvarez, especial para o Estado
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