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‘Estou no caminho certo e esse é só o começo’, diz Bia Haddad após grande feito

11/03/2019

A surpreendente vitória sobre a norte-americana Sloane Stephens, atual número 4 do mundo, na semana passada, reforçou a confiança da tenista Beatriz Haddad Maia. E não por acaso. O seu maior triunfo da carreira também foi o melhor resultado de uma brasileira em 30 anos no circuito profissional. “Isso mostrou que estou no caminho certo”, disse a atleta em entrevista ao Estado.

“Esse resultado me deixa mais segura e confiante sobre as coisas que venho fazendo. Confiando no meu trabalho, na minha equipe. Vou realmente entrar nos torneios agora sabendo que posso enfrentar qualquer uma mesmo. Não vou ter mais aquelas dúvidas”, afirmou a atual 150ª do ranking.

O triunfo não foi marcante apenas para a tenista. A vitória sobre Stephens pelas oitavas de final do Torneio de Acapulco, no México, foi um feito histórico para o tênis brasileiro feminino. Foi o melhor resultado desde 1989, quando Andrea Vieira derrotou a checa Helena Sukova, então número 5 do mundo.

“Antes de entrar na quadra, eu tinha noção de que a vitória seria importante, algo que realmente me mostrasse que eu posso ter confiança e acreditar no meu jogo contra qualquer uma”, disse Bia, que tinha do outro lado da quadra uma de suas principais referências no circuito. Mas o duelo mudou a forma como a brasileira encara essas adversárias de maior currículo – Stephens foi campeã do US Open de 2017 e vice em Roland Garros, no ano passado. “Às vezes a gente coloca os jogadores Top em outro patamar…”

O resultado foi comemorado, mas Bia evitou distrações. “Fiquei muito feliz e contente com o meu trabalho, com a minha entrega. É para estes momentos que a gente trabalha. Ao mesmo tempo, não extrapolei, não achei que foi algo fora de série. Porque realmente eu vinha trabalhando para isso. E isso me deixa tranquila de que estou no caminho certo e que esse é só o começo.”

Após o triunfo, revela a tenista, ela já pensava na próxima adversária, a chinesa Yafan Wang, 65ª do mundo, de quem viria a perder nas quartas de final. “Eu precisava me preparar porque vinha de muitos jogos precisou passar pelo qualifying. Dei algumas entrevistas porque a rival era a cabeça de chave número 1 do torneio. Acabei conquistando um pouco da torcida. Depois disso, não mudou nada. Fui jantar e já estava pensando mais no próximo jogo.”

A médio prazo, Bia espera que o resultado traga benefícios para esporte, apesar da ainda pouca visibilidade do tênis feminino no Brasil. “Tudo soma, tudo ajuda. Não só o feminino, a dupla e a simples masculina ganhando também aumenta muito a visibilidade. Claro que quando eu entro na quadra eu não penso: ‘tenho que ganhar para aparecer’. É uma consequência.”

Ela diz esperar que o público se interesse mais pela modalidade, e não somente pelos “melhores momentos”. “Torço para que as pessoas possam entender um pouco mais sobre a realidade do tênis, para ver como é de fato, e não apenas com base naquelas jogadas incríveis ou nos ‘highlights’ que aparecem no Instagram. Todo mundo erra, todo mundo comete erro não forçado, dá dupla falta, luta, faz jogo duro, leva virada.”

Apesar do bom resultado em Acapulco e da subida no ranking, Bia não conseguiu a vaga para disputar o qualifying do Torneio de Indian Wells, nos Estados Unidos. Mas tem boas chances de receber um convite competir em Miami, torneio seguinte e também de grande importância no circuito.

Autor: Felipe Rosa Mendes
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