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Correção: Madrasta diz que a morte de Bernardo foi acidental

14/03/2019

A matéria enviada anteriormente continha incorreções no título e no texto. No depoimento, a madrasta aponta que a morte de Bernardo foi acidental, por uso excessivo de medicamentos. Segue a versão corrigida:

A enfermeira Graciele Ugulini, madrasta do menino Bernardo Boldrini, disse que a morte do garoto, em abril de 2014, foi acidental e não premeditada. Graciele prestou depoimento nesta quinta-feira, 14, no quarto dia do julgamento do caso, que ocorre no Fórum de Passos, no Rio Grande do Sul. Segundo a madrasta, Bernardo teria morrido pela ingestão excessiva de remédios.

No depoimento, Graciele também inocentou o pai de Bernardo, o médico Leandro Boldrini, pela morte. “Pensei em contar para ele muitas vezes. Mas tive medo da reação”, disse. Boldrini, Graciele, uma amiga dela, Edelvânia Wirganovicz, e o irmão de Edelvânia, Evandro Wirganovicz, são acusados pela morte do garoto de 11 anos, em 4 de abril de 2014. O corpo de Bernardo foi encontrado 10 dias depois em uma cova em Frederico Westphalen, a 430 quilômetros de Porto Alegre.

O pai de Bernardo depôs no dia anterior e negou participação no crime. “Eu digo quem matou, foi a Graciele e a Edelvânia”, destacou durante a sessão.

A madrasta contou que Bernardo pediu para ir com ela a Frederico Westphalen e tomou em casa um remédio para enjoo. Graciele disse que o menino estava agitado e ela, então, deu Ritalina para ele, mas a criança continuou inquieta. Segundo contou, ela jogou a bolsa no banco de trás, onde Bernardo estava, e mandou o garoto tomar mais remédio, mas não viu o quanto Bernardo ingeriu.

Em seu depoimento, ela disse que, ao chegar a Frederico Westphalen, encontrou-se com a amiga Edelvânia e trocaram de carro. Nesse momento, contou, Bernardo estava imóvel no banco de trás, babando e sem pulso. Ela, então, viu que faltavam “cinco ou seis remédios na cartela”. Graciele negou que tenha dado uma injeção letal no menino.

Emocionada, a madrasta afirmou à juíza que Edelvânia queria levar o garoto, já desacordado, ao hospital, mas a enfermeira admitiu que preferiu esconder o corpo. “Eu pensava: o que as pessoas vão pensar? Vão me prender. Vou ficar longe da minha filha”, disse a enfermeira. Bernardo, então, teria sido enterrado em uma cova aberta em meio à mata.

Edelvânia também depôs nesta quinta. Ela negou a compra de soda cáustica, que teria sido jogada no corpo do menino no momento em que cavava a cova, mas confessou que teria comprado a pá utilizada para fazer o buraco. Segundo ela, a morte de Bernardo não foi premeditada pela madrasta. Edelvânia também negou a autoria do crime. “Não matei o Bernardo”, disse.

Passada uma hora de questionamentos, Edelvânia sentiu-se mal e desmaiou. Foi socorrida e atendida por uma enfermeira e um médico, que atestaram pressão arterial alta.

O irmão de Edelvânia, Evandro Wirganovicz, foi interrogado em seguida e negou as acusações. “Não sabia de nada disso, fiquei sabendo pela mídia, escutei pelo rádio de dentro do meu caminhão que a minha irmã tinha levado a polícia até o local onde ele foi enterrado”, disse.

O julgamento do caso entrou na fase de debates na noite desta quinta-feira.

Autor: Luciano Nagel, especial para O Estado
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