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Homem e bebê ficam feridos após casa desabar em Moema

14/02/2019

Um casal fez a mala às pressas na madrugada de terça-feira, 12. Queria sair de casa com a filha, de 9 meses, mas não deu tempo. O imóvel deles na Avenida Ministro Gabriel de Rezende Passos, em Moema, na zona sul de São Paulo, foi abaixo enquanto estavam no local. Os destroços atingiram o engenheiro de sistemas Clemente Gauer, de 38 anos, na perna – quebrou um dedo do pé. A filha Clara foi ferida por estilhaços no rosto. E a casa ficou destruída.

A família diz que os problemas começaram em novembro de 2018, quando a incorporadora Eztec demoliu imóveis vizinhos para construir um novo empreendimento. Em dezembro, diz Gauer, “apareceu uma trinca no chão do lavabo”.

Segundo ele, técnicos fizeram vistorias no imóvel, mas a rachadura foi aumentando e outras surgiram – a ponto de não conseguirem abrir a porta. Às 16 horas de segunda-feira, 11, o casal, que já procurava outra casa para alugar, recebeu uma mensagem de um representante da construtora que dizia que o imóvel não oferecia risco iminente.

Doze horas depois, Gauer ouviu um estalo. Ele chamou a mulher e arrumaram uma mala às pressas para saírem de lá. Quando estavam no jardim, foram surpreendidos. “O muro do vizinho cedeu, derrubou o nosso e a casa caiu. Vi minha mulher agachando, protegendo minha filha, e uma viga me atirando para o lado. Me senti impotente”, diz.

Gauer conta que, por pouco, a família não foi atingida mais gravemente. “Ficamos em pequeno canto. E todo resto do quintal foi atingido por tijolos, vigas pesadas. As bicicletas ficaram amassadas, pareciam folha de papel.”

Logo depois do acidente, eles foram para a casa de um parente. Agora, alugaram outro imóvel na região, mas, desde então, perderam o sono. “O susto foi tamanho que não consegui dormir de lá para cá. É como ver um pesadelo se repetir.” Gauer registrou boletim de ocorrência e estuda ir à Justiça.

Vizinha relata medo

A Avenida Ministro Gabriel de Rezende Passos é apinhada de prédios residenciais. O terreno destinado ao empreendimento da Eztec está cercado por tapumes de metal e uma placa da construtora anuncia para “breve” apartamentos de 280 metros quadrados.

Moradores da região contam que, embora tenha havido demolições no ano passado, há dias não se via atividade de operários, máquinas ou qualquer outro sinal de obra. Também afirmam que engenheiros vinculados à empresa fizeram vistoria nos imóveis próximos, antes do desabamento, e teriam atestado segurança.

“Sai cedo de casa porque eu tinha plantão. O muro caiu 20 minutos depois”, relata a técnica de enfermagem Giovana Gonçalves, de 35 anos, que mora só em uma casa vizinha à construção, colada muro com muro com a residência atingida. “O pessoal saiu com a roupa do corpo”, diz.

No dia do desabamento, Giovana só pôde voltar a entrar em casa após às 17 horas, quando a Defesa Civil autorizou. “Minha cozinha fica colada com uma parede da obra. Se caísse também, derrubava tudo”, afirma.

Após o incidente, segundo conta, ela notou uma rachadura na fachada de casa e mostrou para a Defesa Civil. “Eles disseram que não havia perigo”, diz. “Eu estou sem dormir. É claro que tenho medo: por mais que falem que está ‘ok’, não consigo ficar tranquila.”

Procurada a Eztec informou, em nota, que “segue rigorosos padrões de segurança em todas as propriedades e cumpre integralmente com suas responsabilidades”.

Autor: Felipe Resk e Júlia Marques
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