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Dólar sobe 1,11% e volta ao nível de R$ 3,70 por preocupações com Previdência
O dólar teve a maior alta nesta quarta-feira, 6, dos últimos 11 pregões e subiu 1,11%, para R$ 3,7049. O real registrou um dos piores desempenhos no mundo ante a moeda americana, que se fortaleceu ante divisas de países desenvolvidos e emergentes em meio a temores de nova paralisação no governo dos Estados Unidos e de desaceleração da economia mundial, após queda inesperada nas encomendas à indústria da Alemanha. A moeda brasileira só perdeu menos valor ante o dólar que a moeda da Austrália e o rand da África do Sul. Por aqui, preocupações com a tramitação da reforma da Previdência no Congresso fizeram o investidor buscar proteção no dólar.
Profissionais da mesa de operação destacam que recentes declarações em Brasília sinalizam que a Previdência pode demorar mais para ser aprovada no Congresso do que se esperava, em meio a divergências dentro do governo e entre os parlamentares. O líder do PP na Câmara, Arthur Lira (AL), disse que sem alinhamento do governo na Casa, não há clima para se votar qualquer Proposta de Emenda Constitucional (PEC), incluindo a reforma da Previdência. “O governo ainda não tem base, nem consistente nem condicional”, disse.
Há ainda notícias de que o governo pode não aproveitar o texto proposto por Michel Temer, já no Congresso, e pretende encaminhar uma PEC nova, o que exigiria mais tempo de tramitação para ser aprovada. Em meio a estas notícias, o dólar chegou a bater em R$ 3,7165 no final da manhã e desencadeou ordens de zeragem de posição para interromper perdas (“stop loss”) dos investidores vendidos muito posicionados em R$ 3,70, segundo a mesa de câmbio da Correparti.
“Dúvidas sobre a tramitação da Previdência começaram a entrar no radar do mercado”, disse o operador da CM Capital Markets, Thiago Silencio. Para ele, as mesas de câmbio aproveitaram estas dúvidas sobre o andamento da reforma para fazerem um movimento de correção, após o dólar ter caído mais de 5% em janeiro. Ele ressalta que outro fator de inquietação é que toda essa discussão sobre a Previdência ocorre com Jair Bolsonaro internado no hospital e com a previsão de alta adiada.
Muito da força do real neste começo de ano veio da percepção de que as reformas, especialmente a da Previdência, vão avançar, destacam os estrategistas do banco canadense Scotiabank. “Permanecemos cautelosos com a agenda de reformas”, afirmam, ressaltando que o real pode se desvalorizar ante o dólar pela frente.
Autor: Altamiro Silva Junior
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