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Bolsas de NY fecham sem direção única com payroll, ISM e Fed no radar

01/02/2019

Os mercados acionários americanos encerraram o pregão desta sexta-feira, 1, mistos, em um dia marcado por um baixo volume de negociações, apesar de uma enxurrada de indicadores que atestaram a força da economia dos Estados Unidos, mas mostraram que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) pode voltar a elevar as taxas de juros no país.

Na Bolsa de Valores de Nova York (Nyse), o índice Dow Jones chegou ao fim da sessão em alta de 0,26%, cotado a 25.063,89 pontos, com alta semanal de 1,21%, enquanto o S&P 500 terminou com 2.706,53 pontos após apresentar avanço de 0,09% hoje e ganho de 1,43% na semana. Já o índice de volatilidade VIX, que usa as opções do S&P 500 para medir as expectativas dos traders em relação às oscilações nos mercados de ações caiu 2,60%, para 16,14 pontos.

O índice eletrônico Nasdaq, por sua vez, destoou dos demais ao recuar 0,25%, apesar de ter exibido alta de 1,29% na semana, com 7.263,87 pontos no final do pregão. Parte das perdas do indicador veio da queda de 5,38% das ações da Amazon. O lucro recorde e a receita acima das expectativas da companhia no quarto trimestre do ano passado não foram suficientes para resultar em uma valorização dos papéis da Amazon nesta sexta-feira. As projeções da companhia para o primeiro trimestre deste ano desapontaram os agentes, que optaram pela venda das ações. “A empresa enfrenta custos crescentes, desaceleração das tendências de comércio eletrônico na Europa e obstáculos regulatórios na Índia”, lembrou o chefe de estratégia de ações do Credit Suisse, Jonathan Golub.

O pano de fundo da macroeconomia para os investidores, contudo, foi misto. Os indicadores continuaram a apontar que a economia dos EUA cresce a um ritmo robusto. De acordo com o Departamento do Trabalho, houve criação de 304 mil postos de trabalho em solo americano em janeiro, um resultado bastante acima do projetado por analistas. Logo após a divulgação do dado, os índices futuros das bolsas de Nova York foram às máximas do dia – um movimento que se repetiu no início da tarde, quando o Instituto para Gestão de Oferta (ISM, na sigla em inglês) informou que o índice de atividade industrial contrariou as estimativas de queda e subiu de 54,3 em dezembro para 56,6 em janeiro.

“O ISM industrial conseguiu reverter quase metade da queda vista no mês anterior e os subíndices de novos pedidos e de produção se recuperaram de maneira forte”, afirmou o economista Ryan Wang, do HSBC, em relatório enviado a clientes. No entanto, para ele, a evidência de enfraquecimento da cadeia de suprimentos “sustenta a visão de que o Fed pode ser paciente com os ajustes nos juros no primeiro semestre de 2019”, tendo em vista, principalmente, que o subíndice de preços caiu de 54,9 pontos para 49,6 em janeiro. O HSBC projeta somente um aumento nas taxas este ano, que ocorreria em setembro.

A visão do HSBC, no entanto, não prevaleceu durante todo o pregão. A possibilidade de um aumento nos juros pelo Fed este ano saiu do zero para 3,8% das apostas dos investidores, de acordo com os futuros dos Fed funds compilados pelo CME Group. Na avaliação do presidente da distrital de Dallas do banco central, Robert Kaplan, a pausa no aumento dos juros deve durar ao menos até a reunião de política monetária de junho. A chance de um aumento nos juros em 2019 fez com que algumas ações perdessem fôlego no fim do dia.

A alta do petróleo, de mais de 2%, também foi bem digerida pelos investidores e ajudou os preços de papéis de companhias ligadas ao setor de energia. Chevron e ExxonMobil, que divulgaram balanços antes da abertura do pregão regular, se viram favorecidas tanto pelos resultados quanto pelos preços do petróleo e fecharam, respectivamente, em alta de 3,24% e 3,60%.

Autor: Victor Rezende
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