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Bolsas de NY fecham sem direção única com economia global

11/02/2019

Os mercados acionários americanos voltaram a apresentar um pregão com baixo volume de negociações em um dia marcado por expectativas dos agentes com diversos assuntos diante de uma semana carregada de eventos e indicadores que podem direcionar os negócios. A possibilidade de uma nova paralisação da máquina pública federal americana voltou ao radar dos investidores, enquanto os temores de desaquecimento da economia mundial continuam a se mostrar cada vez mais presentes.

Na Bolsa de Valores de Nova York (Nyse), o índice Dow Jones fechou em baixa de 0,21%, aos 25.053,11 pontos, enquanto o S&P 500 teve avanço de 0,07%, para 2.709,80 pontos. Já o índice eletrônico Nasdaq subiu 0,13%, para 7.307,90 pontos.

O baixo volume de negócios em Nova York consolidou um dia sem muitas novidades tanto no front econômico quanto na seara política. Na Europa, o destaque ficou para o Reino Unido, cujo Produto Interno Bruto (PIB) do quarto trimestre cresceu menos do que o esperado, enquanto a produção industrial inesperadamente recuou na passagem de novembro para dezembro. Os sinais de desaceleração global unem-se, assim, a mais indícios de que os lucros das empresas também devem passar por um momento de perda de fôlego, o que pode afetar os mercados de ações.

O estrategista-chefe de ações americanas do Morgan Stanley, Michael Wilson, revisou sua expectativa de lucro por ação das companhias que compõem o S&P 500 de 4,3% para 1,0% este ano na comparação com 2018. “Nossa projeção de recessão nos lucros das empresas está chegando ainda mais rápido do que esperávamos. Quando divulgamos nossa estimativa de 50% de chance de uma recessão nos lucros em 2019, pensamos que poderia demorar um pouco mais para a evidência se construir”, escreveu em nota a clientes. Para ele, a temporada de balanços do quarto trimestre atesta a perspectiva de ganhos mornos à frente.

Algumas empresas, como Caterpillar, Apple e Nvidia, já indicaram que seus números foram afetados pelas disputas comerciais entre Estados Unidos e China, que estarão no centro de negociações entre autoridades dos dois países esta semana. Na quinta-feira, o secretário do Tesouro americano, Steven Mnuchin, e o representante comercial Robert Lighthizer se reunirão com o vice-primeiro-ministro chinês, Liu He, na tentativa de avançar rumo a um acordo. Na avaliação do Bank of America Merrill Lynch, há um “forte consenso” pela extensão da trégua comercial entre os dois países, mas isso pode não ser positivo para os mercados. Para o banco, se não existir um cronograma claro para a resolução das divergências, mais pressão poderia ser gerada sobre o comércio global.

Dado o cenário de incertezas, gigantes de tecnologia apresentaram perdas, ainda em um movimento de correção após o salto dos papéis visto este ano. A ação do Facebook caiu 0,92%, a da Apple recuou 0,58% e a da Netflix teve baixa de 0,53%.

No campo político, as chances de uma nova paralisação do governo voltaram ao radar dos agentes. No fim de semana, as negociações entre republicanos e democratas em torno de um projeto orçamentário para o ano fiscal que dura até setembro terminaram sem acordo. Além disso, o chefe de gabinete interino da Casa Branca, Mick Mulvaney, afirmou que a possibilidade de um novo “shutdown” não pode ser descartada. Na madrugada de hoje para amanhã, o presidente dos EUA, Donald Trump, realiza o primeiro comício do ano na busca pela reeleição em 2020 em El Paso, Texas, onde a construção de um muro na fronteira estará no centro das atenções.

Autor: Victor Rezende
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