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Bolsas de NY fecham sem direção única com economia global no foco

24/01/2019

Os mercados acionários americanos chegaram ao fim do pregão desta quinta-feira, 24, sem direção única, em uma sessão na qual os agentes repercutiram novos sinais de desaceleração da economia global e pontos contraditórios nos discursos de integrantes do governo dos Estados Unidos quanto às relações comerciais do país com a China. Balanços corporativos também estiveram no radar, assim como a votação no Senado americano de dois projetos destinados a encerrar a paralisação parcial da máquina pública federal.

O índice Dow Jones fechou a sessão em queda de 0,09%, cotado a 24.553,24 pontos; o S&P 500 subiu 0,14%, para 2.642,33 pontos; e o Nasdaq avançou 0,68%, para 7.073,46 pontos.

Os sinais distintos da Casa Branca quanto às relações comerciais sino-americanas geraram flutuações nas bolsas nesta quinta-feira. “Estamos milhas e milhas distantes de um acordo com a China”, declarou o secretário do Comércio dos EUA, Wilbur Ross, durante a manhã, alertando que as duas maiores economias do globo têm diversas questões a serem tratadas, como os direitos de propriedade intelectual e reformas no sistema econômico-financeiro chinês. Durante a tarde, Ross abrandou o tom e afirmou que tanto os americanos quanto os chineses desejam alcançar um acordo. Também no fim da tarde, foi a vez do secretário do Tesouro, Steven Mnuchin, se dizer otimista quanto às conversas da próxima semana com o vice-primeiro-ministro chinês, Liu He.

Toda a questão do comércio global se mostra como mais um dos empecilhos para um crescimento econômico global mais robusto no mundo. A informação do jornal Handelsblatt de que a projeção oficial do governo da Alemanha para o Produto Interno Bruto (PIB) do país para este ano teria sido cortada gerou novos temores nos mercados. Além disso, dados abaixo do esperado na zona do euro fortificaram os alertas, que foram intensificados pelo presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, que, em sua fala durante a manhã, notou, principalmente, o aumento dos riscos para a economia da zona do euro.

Os olhos dos investidores, porém, também se atentaram para os EUA. Como esperado, o Senado não teve votos suficientes para aprovar medidas propostas nem por republicanos nem por democratas para encerrar a paralisação do governo americano. A longa duração do “shutdown” promoveu uma nova revisão para baixo do Produto Interno Bruto (PIB) anualizado dos EUA no primeiro trimestre pelo JPMorgan, que agora projeta uma expansão de 1,75%. O banco, contudo, elevou sua estimativa para o segundo trimestre de 2,0% para 2,25%.

“Dados mais fracos da zona do euro hoje aumentaram as preocupações de que a economia global está perdendo força. Esses desenvolvimentos seguiram notícias no início desta semana de que o crescimento chinês tinha sido o mais fraco em 28 anos. E, com a paralisação parcial do governo dos EUA, a economia americana também deve arrefecer”, afirmaram, em nota a clientes, os economistas do UBS. Mesmo assim, dados dos EUA surpreenderam positivamente: o índice de gerentes de compras (PMI) composto do país subiu de 54,4 em dezembro para 54,5 na leitura preliminar de janeiro, enquanto as estimativas eram de queda para 54,0.

No cenário corporativo, as ações da Ford Motor subiram 3,12% à medida que analistas digeriram novas ideias dos executivos sobre os cortes de custos, que devem impulsionar os resultados da montadora este ano. Já o papel da American Airlines, que divulgou números do quarto trimestre acima do previsto pelos agentes, saltou 6,35%.

Autor: Victor Rezende
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