Artigos

A Cliente

06/01/2019
A Cliente

Ivan nasceu em Palmeira dos Índios, estudou medicina em Maceió. Durante a juventude encantava às jovens, hoje maduro ainda esbanja charme. Joga tênis três vezes por semana. No clube as mulheres suspiram admirando o porte de homem bonito, atlético, espadaúdo.

Sua carreira de médico tem comportamento exemplar, nunca correspondeu os assédios das fãs clientes, é respeitador, ético em sua profissão, jamais se envolveu com alguma paciente, entretanto, não é um santo.

Certa tarde em seu consultório particular, a atendente anunciou Chiara, nova cliente. Ao entrar, a bela mulher passou o olhar em volta, gostando do ambiente limpo e bem decorado. Sorriso nos lábios cumprimentou o doutor Ivan. Ele respondeu, olhou nos olhos da senhora, perguntou o que a trazia ao consultório.

– “Uma dor por aqui, doutor” – apontou a área do ventre.

Ivan fez uma série de perguntas preenchendo a ficha médica, surpreendeu-se com a idade da mulher, 45 anos, nacionalidade italiana, falava bem o português, parecia ter 30, bem conservada, loura de pele rosada, olhos azuis. Ao terminar pediu para ela descalçar os sapatos e subir na balança. Ivan escrevia, ao levantar a vista, o coração bateu forte, encantado com a surpresa. Chiara estava em cima da balança apenas de calcinha de renda vermelha. Seu corpo bem delineado e a sensualidade exuberante deixou o doutor com o sangue fervendo nas veias. Ivan aproximou-se, nervoso, mediu o peso e altura daquela mulher extraordinariamente bela, bem pertinho, deu-lhe uma vontade imensa de abraçar-lhe. Controlou-se, pediu para vestir-se e retornar à cadeira.

Novamente cara a cara com a paciente, Ivan prescreveu exames, tomografia e radiografia do ventre. Ela recebeu a requisição, olhou nos olhos de Ivan, perguntou:

-Não vai fazer o toque vaginal?

O médico controlou-se, afirmou não ser preciso, com o resultado dos exames ele avaliaria com precisão o que estava de anormal com ela.

Chiara sorriu olhando para o doutor, segurou sua mão, confessou:

– Doutor, quero esclarecer-lhe a situação, falando bem claro, eu tenho uma fantasia: desde que lhe vi jogando no Jaraguá Tênis Clube, tive uma atração imediata. Soube que era médico, deu-me uma imensa vontade de fazer amor com você de jaleco em seu consultório. Sou casada, não tenho problemas com o marido, hoje tenho essa oportunidade única, quero você apenas uma vez, satisfazer minha fantasia, sonho quase todas as noites nós dois nos abraçando, rolando no chão de seu consultório.

– Dona Chiara, por favor, a senhora é uma belíssima mulher, provocou-me uma atração enorme, aonde a senhora quiser, no Rio, no Recife, no Japão, na Alemanha, no motel de Jacarecica, podemos nos encontrar. Eu invento uma viagem, vamos passar uma lua-de-mel em Fortaleza? Aqui não posso, tenho um profundo respeito por minha profissão, meu consultório é um sacro-santo local onde exerço a medicina, me proíbe qualquer relacionamento com paciente. Por favor, não torne difícil para mim, você é bela, sensualíssima, gostosa, compreenda, se quebrar minha ética ficarei profundamente magoado comigo mesmo, por favor.

– Meu sonho é lhe amar no consultório, minha fantasia é ser abraçada pelo doutor de jaleco, fora disso não existe fantasia, não quero.

Levantou-se, deu meia volta, ao se aproximar da porta trancou-a a chave, virou-se, num átimo deixou o vestido cair, tirou e segurou a calcinha vermelha de renda pelos dedos. Ivan partiu rápido, chamou-a de louca, ajudou apressadamente a vesti-la, pediu não retornar ao consultório. A cliente saiu pisando forte, aborrecida. Ivan fechou a porta, respirou fundo, de repente deu quatro murros na parede, sangrou a mão.