Geral

Bolsas de NY saltam em torno de 5% e têm maior desempenho diário desde 2009

26/12/2018

A turbulência que culminou na pior véspera de Natal da história deu lugar a um cenário de recuperação em Wall Street nesta quarta-feira, 26, quando os principais índices acionários norte-americanos não se fizeram de rogados e registraram o maior ganho porcentual diário desde 2009. Por trás de todo o otimismo esteve o pedido do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para que os investidores voltassem às compras de ações depois da onda de vendas que deixou tanto o S&P 500 quanto o Nasdaq em território de “bear market” (queda de 20% em relação ao último pico).

Nesse cenário, o índice Dow Jones ganhou 1.086 pontos somente nesta quarta-feira e fechou em alta de 4,98%, cotado a 22.878,45 pontos. Foi a primeira vez na história que o indicador subiu mais de mil pontos em um único dia. Ainda em Wall Street, o S&P 500 subiu 4,96%, para 2.467,70 pontos; e o Nasdaq saltou 5,84%, para 6.554,36 pontos, no maior rali diário desde março de 2009.

O cenário de “terra arrasada” deixado na segunda-feira em Wall Street mobilizou a Casa Branca durante o feriado, acalmando os ânimos exaltados dos investidores. No dia de Natal, Trump tentou acalmar as tensões entre seu governo e o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) e, apesar de novas críticas à autoridade monetária, voltou a indicar que não pretende demitir Jerome Powell do comando do Fed.

O presidente também fez elogios ao secretário do Tesouro, Steven Mnuchin, e ressaltou os resultados de empresas americanas para fazer com que os investidores voltassem às compras. “Temos as maiores empresas do mundo e elas estão indo muito bem. Elas têm tido números Recordes. Então, acho que é uma tremenda oportunidade para comprar. Realmente é uma ótima oportunidade para comprar ações”, disse.

O pedido de Trump repercutiu nos mercados americanos desde o início do dia, mas, na reta final do pregão, gerou um rali que fez os principais indicadores acionários renovarem sucessivas máximas. “Espero que haja um alívio nos mercados esta semana. No entanto, muitas preocupações centradas em Washington ainda estão presentes”, comentou o gerente de portfólio do US Bank Wealth Management, Eric Wiegand. Pensando nessas preocupações, o diretor do Conselho de Assuntos Econômicos da Casa Branca, Kevin Hassett, também veio a público para dizer que o trabalho de Powell à frente do Fed está “100% garantido”.

“Assistimos anteriormente a períodos semelhantes de turbulência nos mercados. Anúncios de uma economia forte geralmente não conseguem vencer uma batalha quando se trata de medo. O tempo e o progresso econômico contínuo, no entanto, podem ser as únicas coisas que funcionam”, afirmou o estrategista-chefe de ações americanas do Citi, Tobias Levkovich.

Os ganhos foram liderados pelo setor de energia, cujo subíndice saltou 6,24% no S&P 500. O forte avanço dos preços do petróleo ajudou nos ganhos, com a ação da Chevron em alta de 6,34% e o papel da ExxonMobil com ganho de 4,78%, enquanto a Chesapeake disparou 26,59%. As empresas de tecnologia, por sua vez, também apresentaram ganhos acentuados, e foram lideradas pela Amazon (+9,45%), que viram suas ações disputadas após a Mastercard informar que as vendas no varejo americano na temporada de feriados teve o maior aumento anual desde 2012.

Apesar do otimismo desta quarta em Nova York, contudo, analistas ainda apontam que, mais adiante, o cenário é de cautela. De acordo com o JPMorgan, há 39,8% de chance de recessão econômica nos EUA, após a divulgação de dados recentes. O banco cita, por exemplo, o índice de atividade manufatureira da distrital de Richmond do Fed, que caiu de 14 em novembro para -8 em dezembro.

Autor: Victor Rezende
Copyright © 2018 Estadão Conteúdo. Todos os direitos reservados.