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Operários que trabalham na obra do Museu Nacional têm aula de história

01/11/2018
Operários que trabalham na obra do Museu Nacional têm aula de história

A semana começou diferente para um grupo de 30 operários que está trabalhando no resgate do Museu Nacional, na Quinta da Boa Vista, que pegou fogo no começo de setembro. Os profissionais de obras especiais da Concrejato deixaram as ferramentas de lado para assistir aulas. O servente Carlos Alexandre da Silva Moreira, de 24 anos, ficou emocionado ao lembrar da primeira visita que fez ao Museu Nacional.

“Eu vim aqui na época de escola e deu muita tristeza quando teve o incêndio. Agora é uma alegria participar da recuperação, estou fazendo parte da história. Quando tudo for reerguido, vou trazer meus filhos com orgulho de ter participado”

O coordenador técnico da superintendência do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, Iphan, Paulo Vidal, mostrou, em uma linha do tempo, informações sobre o terreno, as etapas da construção do prédio e a importância sócio-cultural do espaço.

“Falamos de pontos de vista específicos, do prédio como objeto de preservação patrimonial para que seja visto como elemento fundamental na reconstrução de uma ideia de nação a partir do resgate material que está acontecendo”.

Depois de conhecer um pouco da história do Museu Nacional, o bombeiro Jony de Paula Ramos lamenta por não ter visitado o local antes.

“Eu não sabia que o Museu era tão importante. A aula foi muito boa porque explicou sobre o prédio, quem morou aqui, as decisões que foram tomadas, os acervos e isso faz uma diferença muito positiva no trabalho que a gente tem pela frente. Gostei de saber que o palácio foi primeiro uma casa de fazenda e depois foi sendo construído no entorno. A gente fica imaginando como eram as coisas naquela época”

Os operários e, agora alunos, puderam conhecer a área arqueológica onde o material encontrado em meio aos escombros está sendo analisado. Para o encarregado de obras Gilberto Mamede, o conhecimento desperta a curiosidade.

“Sabendo que tudo o que for achado pode ser importante pra história do país, nós mesmos já vamos procurar coisas que possam ser interessantes, trabalhar com muito mais cuidado”.

A doutoranda do programa de Arqueologia do Museu Nacional Cilcaire Andrade, que falou sobre educação patrimonial destaca que o local guarda mais de 200 anos de história.

“Aqui funcionou a primeira Casa de Ciência do país, é fundamental que as pessoas que estão participando deste trabalho compreendam a dimensão e a relevância que estar aqui representa para a continuidade histórica”, explica.

Para a coordenadora do resgate, professora Claudia Carvalho, essa interação e motivação entre todos os envolvidos na recuperação do acervo e do Palácio mostram como a instituição continua importante para a população.

Segundo Janaína Genaro, arquiteta da Concrejato responsável pela obra, o objetivo de atividades como essa é sensibilizar o colaborador para que tenha um envolvimento ainda maior com o projeto e também para aproveitar a oportunidade de aprendizado que há em trabalhar em um prédio histórico.

Sobre a obra

A Concrejato é responsável pela execução da obra emergencial para estabilização das estruturas e execução de cobertura provisória com a remoção de escombros e entulho para salvamento do acervo histórico do Museu Nacional da UFRJ. Até o momento, foram retiradas mais de 180 toneladas de escombros do prédio e o avanço da obra chega a 10%.

“É um trabalho extremamente minucioso porque temos que garantir a estabilização do edifício para dar segurança aos nossos funcionários, à equipe de resgate do Museu e aos peritos da Polícia Federal que estão trabalhando no prédio. E cada passo nosso é acompanhado por arqueólogos do Museu porque há acervo em meio aos escombros e isso requer uma operação (utilizamos o guindaste como apoio para remoção de peças pesadas) e cuidadosa”, afirma Janaína.

“É um trabalho extremamente minucioso porque temos que garantir a estabilização do edifício para dar segurança aos nossos funcionários, aos pesquisadores da UFRJ e aos peritos da Polícia Federal que estão trabalhando no prédio. E cada passo nosso é acompanhado por arqueólogos da universidade porque há acervo em meio aos escombros e isso requer uma operação 100% manual e cuidadosa”, afirma Janaína.

A Concrejato completa 40 anos em 2018 com uma vasta experiência no setor brasileiro de Construção Civil e Infraestrutura, em grandes obras públicas e privadas. É líder no mercado de recuperação de estruturas e pioneira na combinação de serviços de retrofit e de restauro do patrimônio histórico e arquitetônico, já tendo realizado mais de 400 obras em patrimônios históricos.

Especializada também em obras especiais e industriais, além de ser referência na manutenção de redes de distribuição de gás. A Concrejato Engenharia possui cerca de 1.500 colaboradores e escritórios em São Paulo e no Rio de Janeiro.

Entre seus projetos de restauro e retrofit estão as obras do Theatro Municipal de São Paulo, Catedral da Sé, Museu da Língua Portuguesa, Museu do Futebol, Biblioteca Mario de Andrade, Museu de Arte do Rio, Mosteiro de São Bento e Cine Palácio. Destaque ainda para as obras da Linha 15-Prata do Metrô de SP, da fábrica brasileira de geradores de energia da Rolls-Royce e da centenária Ponte Pênsil de São Vicente.