Variedades

O retorno à infância de Érico Brás

18/11/2018

Artista versátil, e também um nome de destaque na luta pela igualdade social, Érico Brás foi reconhecido com um prêmio internacional, entregue em setembro em Nova York. Ele integra agora a lista dos 100 Negros Mais Influentes do Mundo pelo Mipad (Most Influential People of African Descent), junto com nomes como Chadwick Boseman (Pantera Negra), Meghan Markle (duquesa), Donald Glover (rapper) e Nbaba Mandela (neto de Nelson Mandela).

Feliz por esse momento que está vivendo, o ator comemora, aos 39 anos, também sua entrada na nova temporada da Escolinha do Professor Raimundo, que estreia no dia 25 – e não só por estar nesse time, mas por poder interpretar o Seu Eustáquio, personagem já vivido por Grande Otelo.
“Quando Cininha de Paula me chamou para fazer esse personagem, fiquei muito emocionado”, conta o ator. “A Escolinha está na infância de muita gente. Quando Chico Anysio a criou, ela virou um fenômeno. Quando eu voltava da escola, assistia ao programa e via o Grande Otelo com seu personagem tão engraçado. Isso me chamava a atenção e alimentava minha vontade de ser artista.” Para fazer o personagem, diz que vai com muita cautela, procurando se manter o mais fiel possível ao que já foi feito.

Esse baiano de Salvador logo cedo mostrou que tem um lado forte para as artes, para o humor, e foi em 2008 que ele surgiu nas telas dos cinemas ao lado de Lázaro Ramos em Ó Paí, Ó, filme de Monique Gardenberg, fazendo o personagem Reginaldo, papel que repetiu na TV em 2009 e que retornará em 2019 em uma sequência do longa. Outro papel que marcou sua carreira e até hoje é lembrado é o de Jurandir, de Tapas & Beijos. “Um dia, quando eu fazia o Tapas, uma mãe mostrou que o filho havia pedido o mesmo corte de cabelo do Jurandir. Foi quando percebi a minha responsabilidade para com o público e as crianças”, conta Érico.

Atualmente, o espectador se diverte com a participação do ator no humorístico Zorra – ele se diz muito grato pela indicação para integrar o programa. “Esse Zorra é diferente da versão anterior, tem um humor inteligente, renovado, e sabemos muito bem que a comédia ajuda a refletir sobre os mais diversos assuntos, e os atuais não podem passar despercebido na TV. Com o humor do programa, a gente ajuda a refletir sobre essas questões.”

E, para demonstrar que é versátil mesmo, Érico também está em cartaz até o dia 22, no Teatro Bradesco, no Rio de Janeiro, com o musical O Frenético Dancin’ Days. “Fui convidado por Deborah Colker e Nelson Motta para fazer um personagem especial, o DJ Dom Pepe, que foi amigo de Nelson, com quem fundou a boate Frenetic Dancing Days, que unia empregados e patrões no mesmo local”, explica. “O espetáculo proporciona uma viagem no tempo e a gente se diverte muito no palco, como o público também se diverte na plateia”, completa.

Mas com tanta realização nessas áreas – teatro, cinema, televisão -, Érico mostra que seu lado de ativista fala muito alto. “Eu estou sempre ligado na tentativa de resolver os problemas sociais, tanto que fui nomeado conselheiro no Fundo de Populações das Nações Unidas, o que só faz ampliar o trabalho que eu a minha mulher fazemos de conscientização”, conta. Para isso, sabe que sua atuação nas mídias ajuda a aumentar a abrangência dessas ideias. “Sabemos que a ausência do negro e a falta de representatividade das classes sociais mais baixas é muito grande. Nossa luta é pedir, exigir que o setor de comunicação insira mais mulheres, negros, jovens”, conclui.

Agora, será que falta algo ainda na carreira dele? “Eu tenho um sonho muito grande, o de ser apresentador de programa, pois há poucos negros nessa área e eu sei que tenho jeito para isso. Se surgir uma oportunidade, agarro com certeza”, revela o ator.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Autor: Eliana Silva de Souza
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