Alagoas

Para Alagoas ir melhor, vitória de Renan Filho precisa ser sacramentada com eleição de Haddad

14/10/2018
Para Alagoas ir melhor, vitória de Renan Filho precisa ser sacramentada com eleição de Haddad
Fotos: Marcos César

Renan Filho vitória maiúscula em Alagoas precisa de apoio nacional

Renan Filho foi reeleito governador com uma votação histórica – o segundo mais votado do país –atingindo 77,30% dos sufrágios válidos – também a segunda maior votação para governador de Alagoas, apenas superado pelo saudoso governador Divaldo Suruagy que atingiu 85% dos votos válidos no pleito de 1994.

A reeleição ficou mais fácil (mas já era antes) – quando o senador Collor desistiu de disputar a chefia do Executivo alagoano, pavimentando de vez o caminho do jovem Renan Filho ao Palácio República dos Palmares por mais quatro anos.
Porém, a eleição fácil não encerrou ainda no último domingo (7).  Alagoas precisa estar alinhada ao governo federal para que possa colher os frutos da política econômica de ajustes implantada no primeiro mandato do governador Renan Filho e alavancar seu tão esperado desenvolvimento. E para isso é necessário que Fernando Haddad esteja à frente do governo brasileiro.
É certo que Alagoas não decide a eleição brasileira, mas é importante que o cidadão alagoano esteja solidário ao governador Renan Filho para que em caso de vitória do opositor (o que ainda é duvidoso), o governo esteja forte e respaldado pela população para enfrentar toda e qualquer perseguição de uma política neofascista que teima – antes mesmo de tomar o poder – em assustar tudo e a todos.
Alagoas tem desafios a sua frente; dívida pública, relação com os usineiros, melhoria da área da saúde e precisa de condições políticas favoráveis para a continuação dos projetos que estão encaminhados como a reestruturação da malha viária (que caminha a passos largos), o turismo, o fortalecimento da agricultura familiar e das microempresas e outras ações prementes no Estado.
Para o economista Cícero Péricles o segundo mandato dependerá, em parte, da recuperação econômica nacional, que, por sua vez, será definida pela nova situação política do país.
“Um segundo governo Renan Filho se dará numa conjuntura nacional tão difícil como a do primeiro mandato, que está findando. Os anos de administração da atual gestão, de 2015 para cá, foram anos de retração econômica, da diminuição dos investimentos privados, de cortes de verbas federais, de paralisação do PAC, e de má vontade política, em função do posicionamento do senador Renan Calheiros, no âmbito federal”, disse.
Se Fernando Haddad for eleito, Brasília estará de portas abertas. “Haveria uma coincidência entre a gestão federal e o que Alagoas necessita, que é um projeto reformista, com uma ampliação das políticas públicas, que dariam bons resultados nas áreas sociais e impactariam na economia. Em paralelo, os investimentos federais em infraestrutura, numa área pobre como Alagoas, também causariam efeitos imediatos na recuperação da economia. Se Jair Bolsonaro (PSL) vencer nas urnas, tudo se modifica, levando à penalização inclusive da Região Nordeste, avalia o economista.

Cícero Péricles

“No caso de um governo de direita, o Estado, por razões políticas, teria muita dificuldade de acessar recursos e a lógica de mercado, que até pode ser benéfica para as regiões mais desenvolvidas e industrializadas, que concentrariam mais investimentos e riqueza, penalizaria a Região Nordeste e, claro, um estado pobre como Alagoas”, alerta Cícero Péricles, que é professor da UFAL.

Agricultura familiar e  fortalecimento das empresas
Péricles ressalta que o desafio de ampliar a participação social, buscando a universalização das políticas públicas e mais transparência nos gastos públicos é urgente.
“Um plano econômico envolvendo estes fatores pode seguir com a modernização da agricultura familiar. É um público de 120 mil famílias rurais, que podem assistir à ampliação da produção de alimentos mais matérias-primas, atendendo as demandas do estado e disputar o mercado regional”, afirma.
“Na área urbana, o foco deve ser o crescimento das 125 mil micro e pequenas empresas, mais as 76 mil microempresas individuais “que estão criando um novo tecido produtivo no Estado, tanto na capital como no interior”, analisa o professor.
“Existe um fenômeno na área industrial, da ampliação recente de um grande número de fábricas, pequenas e médias empresas espalhadas por quase todos os municípios, muito vinculadas ao consumo popular nas áreas de alimentos, vestuário, movelaria, material de limpeza.  O turismo está encontrando seu caminho de segmento econômico importante, principalmente no litoral. E poderá apoiar setores modernos, como o químico-plástico, que dependem de fortes investimentos e de contrapartidas e que, nesta conjuntura, são difíceis de resolver. Esses segmentos são os elementos que, se apoiados, podem ampliar a dinâmica da economia estadual na direção de mais crescimento e mais criação de emprego e renda”, detalha.
Motivação
Cícero Péricles diz ainda que o cenário é animador. “Pelas características do mercado de trabalho alagoano, existe um espaço, muito grande para retomar o ciclo anterior do mercado formal e gerar ocupações temporárias e empregos estáveis com carteira assinada”.
Mas alerta que isso depende do crescimento da economia.
“De 2004 para 2015, numa década marcada pelo crescimento econômico, foram criados mais de 200 mil postos de trabalho em Alagoas, ou seja, o mercado cresceu 60%. Cresceu basicamente no setor de comércio e serviços e na construção civil. Numa retomada econômica, a primeira leva de trabalhadores a serem contratados serão aqueles que perderam seus empregos nestes quatro anos de recessão e de estagnação econômica; num segundo momento, teríamos mais contratações nos setores mais exigentes, que demandam mais formação profissional. Esse não será, ainda, um problema tão difícil de enfrentar, porque o grau de escolaridade geral aumentou, assim como a presença da rede de ensino profissionalizante”, finaliza Péricles.