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Investidor renova otimismo após declarações de Guedes e juros fecham em baixa

30/10/2018

Nesta véspera de decisão de política monetária no Brasil, os juros tiveram nesta terça-feira, 30, nova rodada de queda em meio a um conjunto de notícias domésticas positivas, com destaque para declarações do futuro ministro da Economia, Paulo Guedes, sobre a reforma da Previdência e a proposta de tornar o Banco Central independente, e o ambiente externo não atrapalhou. Quanto ao Copom de quarta-feira, o mercado está bem posicionado para a manutenção da Selic em 6,50% e aguarda a mensagem do comunicado para ajustar seus prognósticos para a trajetória dos juros em 2019.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2020 fechou na mínima de 7,19%, ante 7,293% na segunda-feira no ajuste, e a do DI para janeiro de 2021, também na mínima, encerrou em 8,12%, de 8,223% na segunda no ajuste. A taxa do DI para janeiro de 2023 caiu de 9,333% para 9,25% e a do DI para janeiro de 2025, de 9,892% para 9,78%.

Mesmo com o dólar tendo passado boa parte do dia em alta, as taxas futuras, após uma manhã de volatilidade, se firmaram em queda no fim da primeira etapa até o fechamento da sessão regular, reduzindo prêmios com a melhora da perspectiva para a economia. Guedes defendeu, no fim da manhã, a aprovação da proposta de reforma da Previdência que está no Congresso ainda este ano, com possibilidade de novos ajustes mais adiante. À tarde, contemporizou, dizendo que “quanto mais rápido” reformar a Previdência, melhor, porém é preciso levar em conta fatores políticos antes de trabalhar pela aprovação neste ano ainda. De todo modo, o mercado se animou, assim como gostou da afirmação de Guedes de que mandará um projeto para dar independência ao BC.

O economista Breno Martins, da Mongeral Aegon Investimentos, lembra ainda que o fato de Guedes ter desautorizado o deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS), que será o ministro-chefe da Casa Civil, também teve efeito positivo sobre as taxas. Lorenzoni fez recentemente comentários sobre política cambial e reforma da Previdência que foram na direção contrária à linha adotada por Guedes e que desagradaram ao mercado. “Estão assustados por quê? É um político falando de economia. É a mesma coisa do que eu sair falando de política. Não dá certo, né?”, afirmou Guedes.

A agenda da inflação foi favorável, mas não chegou a fazer preço, assim como o desemprego na Pnad Contínua. O IGP-M desacelerou de 1,52% em setembro para 0,89% em outubro, e ficou abaixo da mediana das estimativas dos analistas, de 0,91%. A taxa de desemprego ficou em 11,9% no trimestre encerrado em setembro, igual à mediana das projeções.

Autor: Denise Abarca
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