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Taxas futuras sobem e batem máximas com dólar e à espera de leilão do Tesouro

02/08/2018

Os juros futuros sobem na esteira do dólar forte ante o real e no exterior em meio a preocupações com a guerra comercial entre EUA e China, o otimismo do Federal Reserve sobre a economia americana e o cenário eleitoral indefinido no mercado doméstico. As taxas longas são as que mais refletem a pressão derivada da taxa de câmbio, segundo um operador, o que ofusca a decisão do Copom, de manter a Selic estável, em 6,25% ao ano.

A curva de juros também é afetada na manhã desta quinta-feira, 2, pela retomada dos leilões tradicionais de títulos de quinta pelo Tesouro Nacional, após uma pausa de dois meses. Hoje o Tesouro Nacional volta a ofertar Notas do Tesouro Nacional – Série F (NTN-F), mas com lote pequeno, para evitar pressão ao mercado, com oferta de 100 mil títulos, sendo 50 mil para 1/1/2025 e 50 mil para 1/1/2029.

No comunicado do Copom, na quarta-feira, dia 1º, o Banco Central avalia que a greve dos caminhoneiros, ocorrida entre o fim de maio e o início de junho, prejudicou a atividade econômica e deu fôlego aos índices de inflação, mas seus efeitos foram limitados no tempo.

“O Comitê considera que os efeitos dos choques recentes sobre a inflação estão se revelando temporários, mas é importante acompanhar ao longo do tempo o cenário básico e seus riscos e avaliar o possível impacto mais perene de choques sobre a inflação”, acrescentou o documento.

“O comunicado trouxe projeções de inflação muito similares às anteriores e confirmou um cenário já preestabelecido, de que a política monetária deve seguir em terreno expansionista”, disse na noite de quarta o economista-sênior do Haitong Banco de Investimentos, Flávio Serrano. “Boa parte da mensagem já estava antecipada”, acrescentou.

Às 9h52 desta quinta, todas as taxas estavam nas máximas sintonizadas com o fortalecimento do dólar ante o real. O DI para janeiro de 2020 estava em 7,94%, de 7,86% no ajuste de quarta. O DI para janeiro de 2021 marcava 8,97%, de 8,88%, enquanto o vencimento para janeiro de 2023 exibia 10,47%, de 10,37% no ajuste de ontem.

O DI para janeiro de 2025 marcava 11,14%, de 11,03% no ajuste da véspera. No câmbio, o dólar à vista atingiu máxima a R$ 3,7815 (+0,60%), puxado pelo avanço do dólar setembro à máxima em R$ 3,7945 (+0,86%).

Mais cedo foi revelado que o IPC-Fipe, que mede a inflação na cidade de São Paulo, subiu 0,23% em julho, perdendo força ante a alta de 1,01% registrada em junho e também em relação à terceira quadrissemana de julho, quando o avanço havia sido de 0,26%.

O resultado ficou dentro do intervalo das 11 estimativas colhidas pelo Projeções Broadcast, que iam de alta de 0,15% a 0,35%, e levemente abaixo da mediana das estimativas, que era de 0,22%.

Já o IPC-S, da FGV, desacelerou em todas as sete capitais pesquisadas na quarta quadrissemana de julho ante a terceira medição do mês. No geral, o IPC-S recuou de 0,38% para 0,17% entre os dois períodos. Em junho, a taxa foi de 1,19%, refletindo as dificuldades de abastecimento geradas pela greve dos caminhoneiros no fim de maio.

Autor: Silvana Rocha
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