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Paulo Carvalho volta seu canto para as transformações do amor
Marcelo Jeneci sentou-se na frente de um piano, acompanhado do amigo e músico Paulo Carvalho. “Hoje vou escrever uma música para o disco Carvão”, disse, pomposo. Carvalho tinha um trecho, Jeneci colaborou com outro. Em três minutos, nascia Qual o Porquê?, a canção depois lançada como o primeiro single do quarto álbum da carreira do paulistano (também médico psiquiatra), de 44 anos. E, por sete horas – sim, sete horas, garante Carvalho – eles repetiram a canção. Como um mantra. Uma letra cuja interpretação pode ser um lamento ou a aceitação de que amores vêm e vão. Acabam. Recomeçamos.
Carvão, portanto, era um disco antes mesmo de ser um. Carvalho tinha o conceito, um nome, algumas canções. Foi, por exemplo, a estética adotada e escolhida por ele e Jeneci para a primeira canção. E levada adiante pelo produtor do álbum, Alexandre Kassin. Por isso, mesmo que a sonoridade de Carvão é expansiva (com finíssimos arranjos de cordas assinados e regidos pelo maestro Arthur Verocai). “Kassin recebeu essa primeira canção e disse que era uma das coisas mais lindas que ele tinha ouvido nos últimos tempos”, diz, Carvalho, orgulhoso. “É uma canção simples e complexa, ao mesmo tempo”, ele avalia.
Simples e complexa, tal qual o amor – o grande foco da carreira artística de Paulo Carvalho, desde a estreia, com o álbum De Longe, lançado 11 anos atrás. O antecessor de Carvão, aliás, é O Amor É Uma Religião, um álbum cuja capa traz a ilustração de um coração em chamas.
Desta vez, o conceito do álbum parece estar mais próximo do “pós-amor”. O conceito do branco e preto de todo o álbum dialoga com a ideia do carvão, o mineral que queima, arde, mas que também se torna cinza. Carvalho trata, aqui, de recomeço. Como canta ele em Qual o Porquê?: “Não existe um meio de evitar o fim, se fim é pra recomeçar”.
O álbum gira em torno disso. Por mais melancólico que parece – afinal, a melancolia, salvo algumas exceções, é um sentimento inevitável quando se trata de assuntos do coração. Com uma banda de dar inveja – formada por André Lima (piano, teclados e parceria nas composições), Kassin (baixo acústico), Tim Bernardes (guitarra e vilão e Stéphane San Juan (bateria) -, Carvalho faz seu mergulho mais íntimo em um tema que lhe é próximo, mas que segue como tema para novas criações.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Autor: Pedro Antunes
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