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Dólar volta a ceder, após medida da China e com Ptax no radar

27/08/2018

Após abrir com viés de alta no mercado à vista, o dólar perdeu força e passou a cair na manhã desta segunda-feira, 27. A inversão do sinal para queda ante o real acompanha a perda de força da moeda americana no exterior em relação a divisas principais e emergentes, que reflete um movimento de realização de lucros. Às 9h20, o índice do dólar DXY caía 0,15%, após o euro ter passado a subir ante o dólar a US$ 1,1636, e de a moeda americana ter recuado frente a libra esterlina, cotada a US$ 1,2875. Paralelamente, o petróleo se fortaleceu no exterior.

Às 9h36, o dólar à vista caía 0,57%, a R$ 4,0829. Na máxima após a abertura registrou R$ 4,1159 (+O,25%). O dólar futuro de setembro recuava 0,54%, a R$ 4,0865, ante máxima a R$ 4,1195% (+0,29%) após a abertura.

“Além do ajuste em função dos excessos da semana passada, o dólar cai no exterior também refletindo o positivismo pelas medidas do BC chinês”, afirma Ricardo Gomes da Silva, diretor da Correparti.

Na sexta-feira, o banco central chinês (PBoC) reintroduziu o chamado “fator contracíclico”, para determinar a taxa de paridade do yuan ante o dólar, de forma a impedir que a moeda do país se deprecie de forma muito acentuada. Além de conter saídas de capital, a ação também tem como objetivo neutralizar críticas dos EUA de que o gigante asiático estaria buscando enfraquecer sua divisa propositalmente

Esta semana é a última de agosto e terá a definição da taxa Ptax de fim de mês, na sexta-feira, dia 31. Como em agosto até a última sexta, 24, o dólar à vista já acumulou alta de 9,33%; nos últimos 30 dias, +10,45% e, no ano até 24 de agosto, +23,83%, é possível que os investidores que detêm posições vendidas em dólar, como os bancos em dólar futuro por exemplo, atuem para pressionar um pouco as cotações para baixo. A maior disputa entre comprados e vendidos em contratos cambiais, no entanto, é esperada na quinta-feira à tarde e sexta-feira na primeira parte da sessão.

Com o alívio ante o real, é possível que o Banco Central siga apenas monitorando a volatilidade do mercado cambial. Nos próximos dias, no entanto, o BC poderá fazer oferta de linha com recompra uma vez que vencem cerca de US$ 2,5 bilhões em setembro, e tende a anunciar a rolagem do vencimento de swap cambial de outubro, de cerca de US$ 9,8 bilhões.

O investidor está na expectativa também com o início da propaganda eleitoral gratuita em cadeia de rádio e TV, que começa na sexta-feira.

Conforme ressaltou a colunista Elizabeth Lopes na coluna Política Hoje, divulgada mais cedo no Broadcast (plataforma de notícias em tempo real do Grupo Estado), o horário eleitoral “é uma das principais apostas de Geraldo Alckmin (PSDB) para tentar chegar ao segundo turno da disputa presidencial e mirar no eleitorado não convertido do PT”. “A desconstrução de seu maior rival, Jair Bolsonaro (PSL), está na ordem do dia, mas a campanha do tucano avalia que é preciso buscar o eleitorado órfão que se ressente das políticas populistas do governo Lula”, completa a colunista.

Nesta segunda-feira, no boletim Focus, a mediana das expectativas para o câmbio no fim deste ano passou de R$ 3,70 para R$ 3,75, ante os R$ 3,70 verificados há um mês. Para 2019, a projeção para o câmbio no fim do ano permaneceu em R$ 3,70, igual a quatro pesquisas atrás.

Autor: Silvana Rocha
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