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Bolsas de NY fecham em queda, atentas a comércio e dados dos EUA

23/08/2018

Os mercados acionários americanos encerraram o pregão desta quinta-feira, 23, em leve queda, dando atenção aos desenvolvimentos no comércio global e à economia dos Estados Unidos, à medida que um cenário de maior aperto no mercado de trabalho se fez presente e elevou as expectativas para o simpósio anual de Jackson Hole, realizado pela distrital de Kansas City do Federal Reserve (Fed, o banco central americano).

O índice Dow Jones fechou em queda de 0,30%, aos 25.656,98 pontos; o S&P 500 teve baixa de 0,17%, aos 2.856,98 pontos e o Nasdaq recuou 0,13%, aos 7.878,46 pontos. Já o índice de volatilidade VIX, considerado o “medidor de medo” de Wall Street encerrou o dia com alta de 1,22%, aos 12,40 pontos.

O comércio novamente voltou à tona. Enquanto as equipes comandadas pelo subsecretário do Tesouro dos EUA para Assuntos Internacionais, David Malpass, e pelo vice-ministro do Comércio da China, Wang Shouwen, negociam as relações comerciais entre os dois países, o embate voltou a se intensificar.

Tarifas americanas de 25% sobre US$ 16 bilhões em produtos chineses passaram a vigorar durante a madrugada, assim como barreiras chinesas de igual alíquota sobre US$ 16 bilhões em bens americanos.

“Embora permaneçamos esperançosos em torno de algum tipo de acordo, as negociações levarão algum tempo e podem se estender além das eleições americanas de meio de mandato, em novembro”, disseram analistas da LPL Financial em nota a clientes.

Para eles, os EUA continuarão a se concentrar na desaceleração da economia chinesa para alavancagem, enquanto a China pode estagnar até depois das eleições americanas para ver se a posição de negociação do presidente dos EUA, Donald Trump, pode ser enfraquecida.

As disputas comerciais e o possível impacto delas na economia americana foram um dos riscos apontados pelo Fed na ata da reunião de política monetária do início deste mês.

O documento foi divulgado na tarde de quarta. Nesta quinta-feira, em Jackson Hole, o presidente da distrital de Dallas do Fed, Robert Kaplan, voltou a comentar sobre o assunto e disse que, até o momento, o impacto das tensões comerciais tem sido “modesto”. O dirigente também defendeu que a autoridade monetária dos EUA deve continuar elevando os juros, o que foi ao encontro do indicado pela presidente do Fed de Kansas, Esther George. Pela manhã, ela defendeu mais duas altas nas taxas.

Indicadores da economia americana também colaboraram para a visão de que mais elevações nos juros são necessárias. Pela manhã, o Departamento do Trabalho informou que o número de pedidos de auxílio-desemprego caiu pela terceira semana consecutiva, para 210 mil, contrariando as estimativas de leve crescimento para 215 mil na semana passada.

Mesmo com os dirigentes do Fed defendendo juros mais altos, ações de bancos apresentaram queda, de olho no comportamento da curva de rendimentos dos Treasuries. Os papéis do Goldman Sachs caíram 1,25%, os do Citigroup perderam 0,44% e os do Morgan Stanley cederam 0,97%, com os investidores atentos à diminuição do spread entre os juros dos títulos públicos americanos de dois e de dez anos. No fim da tarde, a diferença entre os rendimentos estava em 21,2 pontos-base.

Autor: Victor Rezende
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