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Ministro da Economia italiano diz que saída da zona do euro não está nos planos

10/06/2018

O novo governo da Itália não está considerando deixar a zona do euro, reforçou o ministro da Economia do país, buscando minimizar a importância da forte reação dos mercados financeiros à coalizão atualmente no poder, considerando-a uma “questão normal que acompanha a transição política”.

O ministro italiano da Economia, Giovanni Tria, disse ao jornal Corriere della Sera em uma entrevista publicada neste domingo que a “posição do governo é clara e unânime. Nenhum plano para sair do euro está sendo discutido”.

Tria, um professor de política econômica que foi escolhido de última hora para o posto de ministro, foi mais longe com sua afirmação de que o apoio italiano na união monetária compartilhada por 19 países membros é firme. “Não só não queremos sair” da zona do euro, como o governo está determinado a combater ações que possam “colocar nossa presença no euro em discussão”, disse.

Tria foi escolhido para o cargo de ministro da Economia depois que o presidente italiano Sergio Mattarella se recusou a aprovar o nome de Paolo Savona, indicado pela a coalizão formada pelo populista Movimento 5 Estrelas (M5S) e pelo partido de extrema direita Liga. Savona, um economista eurocético, chegou a dizer que tinha um plano para abandonar o euro.

O presidente Sergio Mattarella citou temores de que a defesa de tal plano poderia agitar ainda mais os mercados financeiros que já estavam nervosos com a inconclusiva eleição de março e a perspectiva de um governo liderado por populistas.

Na semana passada, durante a primeira semana completa do governo da coalização Liga-M5S, o mercado de títulos e o mercado acionário de Milão pareciam nervosos com a perspectiva de a já elevada dívida da Itália subir ainda mais.

Os líderes dos dois partidos prometeram realizar dispendiosas promessas de campanha. Luigi Di Maio, que lidera o M5S, prometeu dar aos desempregados e aos italianos de baixa renda uma renda mensal garantida. A Liga, de Matteo Salvini, prometeu reduzir drasticamente as taxas de impostos para cidadãos e empresas italianas. Ambos os políticos, que participam do novo governo, querem desfazer partes de uma recente reforma previdenciária, de forma a permitir que os italianos possam se aposentar mais cedo.

Eles disseram que pediriam à União Europeia que permitisse mais espaço para manobra de gastos, uma estratégia que Di Maio reiterou no domingo. Segundo ele, o governo planeja “ir a Europa para obter margens de flexibilidade para investimentos e reformas, por exemplo, a reforma tributária”, disse, em um programa de entrevistas da TV estatal. “Não estou dizendo que pediremos à Europa todo o dinheiro”, acrescentou, afirmando que as iniciativas seriam parcialmente financiadas pela redução das despesas públicas em outras áreas.

Na entrevista ao jornal, Tria rechaçou a possibilidade de as medidas em planejamento elevarem o déficit. Ele prometeu que os gastos do governo “estarão todos em linha com o objetivo de continuar no caminho da redução da relação dívida sobre PIB”.

Di Maio e Salvini argumentaram que os gastos seriam compensados pelo aumento do crescimento econômico. “O objetivo é o crescimento e o emprego”, disse Tria. “Mas nós não pretendemos relançar o crescimento por meio de gastos deficitários”.

Fonte: Associated Press

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