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Após manhã de volatilidade, juros fecham entre queda e estabilidade

01/06/2018

Após uma manhã marcada pela volatilidade, o mercado de juros percorreu a tarde desta sexta-feira, 1º de junho, de maneira mais tranquila, com os investidores digerindo a saída de Pedro Parente do comando da Petrobras, mesmo com o dólar ampliando a alta ante o real. As taxas de prazo curto e intermediário fecharam a sessão regular em baixa e as longas, perto dos ajustes e com viés de alta.

A presença do Tesouro, atuando com leilões de compra de NTN-F nesta sexta e nos próximos dias, também ajuda a dar um pouco de conforto ao investidor. Contudo, o desempenho é visto mais como um alívio do que algo perene, uma vez que as incertezas persistem e devem crescer na medida em que a corrida eleitoral comece a ganhar fôlego.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2019 fechou em 6,745%, de 6,798% no ajuste de quarta-feira, e a do DI para janeiro de 2020 caiu de 7,77% para 7,67%. A taxa do DI para janeiro de 2021 fechou em 8,81%, de 8,89% no último ajuste. A taxa do DI para janeiro de 2023 terminou em 10,59%, de 10,58%, e a do DI para janeiro de 2025 passou de 11,29% para 11,30%.

A saída de Parente foi a notícia do dia, mas o impacto no mercado de juros se dissipou durante à tarde, quando também a Bolsa se recuperou e passou a mostrar alta mais firme, ainda que os papéis da Petrobras seguissem com perdas em torno de 15%.

“Após a saída, a política de preços da empresa fica comprometida? Sim. Prevalece a ideia do intervencionismo, mas também não é que tudo acabou. Olhando para nossos pares, eles também têm seu problemas específicos. A situação é ruim, mas administrável no curto prazo”, afirma o estrategista de renda fixa da Coinvalores, Paulo Nepomuceno.

Fatores técnicos também teriam contribuído para a trajetória das taxas nesta sexta-feira, que, mesmo encravada entre o feriado e o fim de semana, teve um bom volume de contratos negociados.

Profissionais afirmam que, após o forte movimento de zeragem de posições vendidas no começo da semana – o mercado só melhorou na tarde de quarta-feira -, o segmento de prefixados está agora mais “limpo”. “O mercado parece agora estar mais livre. É preciso aparecerem coisas muito ruins para subir além desses níveis”, diz um operador. “Em outro momento, essa notícia do Parente teria gerado uma reação muito forte na curva”, acrescentou.

A manhã havia sido bem mais movimentada. A informação do pedido de demissão do executivo, no fim do período, coincidiu com o horário de realização do leilão de NTN-F, em que a oferta de compra era de até 1,5 milhão de títulos, levando as taxas, sobretudo as longas, que vinham em baixa para perto dos ajustes. O Tesouro rejeitou todas as propostas.

Outro fator a reduzir o ímpeto vendedor nas taxas pela manhã foi o payroll (dado de emprego norte-americano), que reforçou a expectativa de quatro altas de juros nos Estados Unidos este ano.

Autor: Denise Abarca
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