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Meteoro que matou répteis também dizimou aves de árvores

24/05/2018

Há 66 milhões de anos, os dinossauros foram extintos após o impacto de um meteoro que caiu sobre a Terra com uma força destrutiva um milhão de vezes maior que a mais potente bomba atômica. Um novo estudo revela, porém, os grandes répteis não foram as únicas vítimas: as florestas do planeta foram dizimadas, eliminando completamente as espécies de pássaros que viviam em árvores.

A pesquisa, liderada por Daniel Field, da Universidade de Bath (Reino Unido), foi publicada nesta quinta-feira, 24, na revista científica Current Biology. De acordo com os autores do estudo, todas as 11 mil espécies de aves arbóreas existentes atualmente descendem dos pássaros terrestres que sobreviveram à catástrofe causada pelo meteoro.

De acordo com Field, para realizar o estudo, sua equipe analisou múltiplas linhas de evidências, incluindo fósseis de plantas, vestígios de pólen antigo e a ecologia de aves primitivas e atuais.

“Nós recorremos a uma variedade de abordagens para formar esse quadro. Nós concluímos que a devastação das florestas após o impacto do asteroide explica porque as aves arbóreas não conseguiram sobreviver a esse evento de extinção. Os ancestrais das aves arbóreas modernas só voltaram a viver em árvores quando as florestas se recuperaram, milhares de anos depois da catástrofe”, afirmou Field.

A análise dos registros de plantas fósseis feita pelos cientistas confirmou que as florestas de todo o planeta entraram em colapso após o choque do asteroide. Utilizando dados sobre as relações evolutivas e ecológicas entre os pássaros atuais, eles conseguiram reconstruir as mudanças da ecologia das aves ao longo da sua história evolutiva.

Essas análises revelaram que o mais recente ancestral comum a todas as aves existentes atualmente – assim como todas as linhagens de pássaros que sobreviveram ao evento de extinção – muito provavelmente viviam no chão.

Por outro lado, muitas aves que viveram no fim da era dos dinossauros apresentavam hábitos arbóreos. Mas essas espécies não sobreviveram à catástrofe e não deixaram descendentes entre os pássaros hoje existentes.

“Hoje, as aves são o grupo de animais vertebrados mais diverso e mais espalhado globalmente, com cerca de 11 mil espécies. Apenas um punhado das linhagens de aves ancestrais sobreviveu à extinção em massa que ocorreu há 66 milhões de anos, no fim do período Cretáceo. Toda a incrível diversidade atual de aves é composta por descendentes daqueles sobreviventes”, afirmou Field.

A descoberta, segundo o cientista, ilustra a influência fundamental de eventos globais de grande magnitude na trajetória evolutiva dos principais grupos de organismos. A equipe de cientistas agora planeja continuar a estudar o tema para determinar com precisão quando a floresta se recuperou e como as aves atuais se diversificaram.

Além de Fields, participaram do estudo Antoine Bercovici, do Museu Nacional Smithsonian de História Natural, Jacob Berv, da Universidade de Cornell, Regan Dunn, do Museu Field de História Natural, Tyler Lyson, do Museu de Natureza e Ciência de Denver, David Fastovsky, da Universidade de Rhode Island, Jacques Gauthier, da Universidade Yale – todos dos Estados Unidos – e Vivi Vajda, do Museu de História Natural da Suécia.

Autor: Fábio de Castro
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