Política

Oposição compara MA à Venezuela e diz que irá à Justiça contra orientação da PM

20/04/2018

Opositores ao governo do Estado na Assembleia Legislativa do Maranhão vão denunciar à Justiça Eleitoral documentos do Estado ordenando que a Polícia Militar monitore “opositores que podem causar embaraços” nas eleições de 2018.

Documento da Secretaria de Segurança Pública maranhense determina identificação de políticos opositores “ao município” ou ao “Estado” que possam “causar embaraços no pleito eleitoral” e ainda manda transferir policiais envolvidos com política.

A ordem foi emitida pelo Comando de Policiamento do Interior (CPI) aos Batalhões da Polícia Militar e pede um “levantamento eleitoral” das forças de segurança do Estado.

A deputada estadual Andrea Murad (PRP) afirmou ter tomado conhecimento do caso nesta quinta-feira, 19. “Vou denunciar (o governador) Flávio Dino para a Procuradoria Geral Eleitoral junto ao Tribunal Superior Eleitoral”, disse. “É muito grave e caso se confirme essa violência a única forma de garantir a lisura do pleito é uma intervenção federal”, defende.

Correligionário de Andrea, o deputado estadual Sousa Neto reagiu: “já viu uma coisa assim na sua vida? Além da Venezuela? Isso é uma Venezuela, uma Coreia do Norte no Maranhão!”.

“Eu sou o maior defensor da PM do Maranhão nas causas militares, mas fiquei muito surpreso hoje. Eu entrei em contato com vários coronéis e eles disseram: “Olha, uma Venezuela vai estar se constituindo aqui no Maranhão”. Porque, assim, você não pode fazer oposição ao governo porque ele está te monitorando. vai ter uma retaliação muito grande em cima de ti!”, disse Souza Neto.

‘Equívoco grave’

O comandante geral da polícia militar do maranhão, Jorge Luongo, se manifestou sobre o assunto por meio de nota. “A Polícia Militar do Maranhão vem a público esclarecer que o documento que circula nas redes sociais onde supostamente se determina às Unidades do Interior que identifiquem lideranças antagônicas ao Governo Local e Estadual é um equívoco grave e sem precedentes, não autorizado pelo Comando da Instituição Policial Militar, que na sua gênese procurava tão somente catalogar dados informativos e estatísticos que subsidiassem um banco de dados para a elaboração do planejamento do policiamento das eleições 2018”.

“Informa que logo que este equívoco foi identificado, tomou medidas imediatas para corrigir tal erro e tornar sem efeito tais medidas, assim como instaurou um procedimento de apuração legal para as devidas providencias que o caso requer”.

Autor: Fausto Macedo e Luiz Vassallo
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