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Mesquita: IPCA de março corrobora plano de voo do BC de mais um corte na Selic

10/04/2018

A alta do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de março, que subiu apenas 0,09%, a menor variação para o mês desde 1994, corrobora o plano de voo traçado pelo Banco Central de cortar novamente a taxa básica de juros, a Selic, no mês que vem. A avaliação é do economista-chefe do Itaú Unibanco, Mario Mesquita. “A inflação está em patamar benigno, em torno de 3% e a alimentação continua surpreendendo favoravelmente”, disse o economista a jornalistas após o evento Itaú Macro Vision na terça-feira, 10, em São Paulo. Ao mesmo tempo, o câmbio tem sido uma fonte de pressão e na segunda-feira, 9, o dólar ultrapassou o patamar de R$ 3,40. Mesquita, porém, não vê este patamar como preocupante para a inflação. “O câmbio vinha ajudando e agora vai ajudar menos”, disse ele, ressaltando que pelo fato de o Brasil ser uma economia muito fechada, o real precisaria se depreciar muito mais, com o dólar batendo os R$ 3,70 ou mais, para a trajetória de inflação piorar substancialmente. Caso o câmbio continue piorando, pode levar a revisão para cima projeções de inflação, disse ele, minimizando esta possibilidade no momento. “Com o IPCA surpreendendo para baixo um pouco, isso limita ou posterga essas mudanças.” O banco não planeja por enquanto mudar suas projeções para o IPCA. “O número desta terça-feira veio bom, mas em um contexto de depreciação cambial.” Mesquita espera novo corte da Selic na reunião de maio do Comitê de Política Monetária (Copom). Se o IPCA de março tivesse surpreendido para cima, neste atual momento de alta do dólar, o economista acredita que o mercado começaria a questionar se haveria mesmo nova redução da Selic, mas após o IPCA divulgado nesta terça, o corte ficou mais provável. O Itaú projeta que a taxa de câmbio vai fechar o ano em R$ 3,25. Passada qualquer incerteza maior sobre a continuidade da política econômica, a taxa deve oscilar menos. Mesquita avalia que o ambiente externo tem contribuído para a valorização do dólar, mas de um tempo para cá o real passou a sofrer um pouco mais de pressão que as moedas de outras economias emergentes, influenciado pela elevada incerteza eleitoral. Para 2019, a inflação deve ser maior, afetada por fatores como o fim dos efeitos benignos do choque de alimentos e uma menor ociosidade na economia. Mesquita, porém, descarta uma maior pressão inflacionária no curto prazo, por conta da ainda elevada capacidade ociosa após dois anos de forte recessão. CréditoA demanda por crédito está crescendo lentamente mais consistentemente, afirmou o presidente do Itaú Unibanco, Candido Bracher, em conversa com jornalistas no mesmo evento. A exceção, conforme ele, são as grandes empresas, sendo que uma parte dessa demora na retomada deve-se ao fato de elas terem encontrado espaço para captar no mercado de capitais.

Autor: Altamiro Silva Junior e Fernanda Guimarães
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