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Operação prende suspeitos de fraudar licitações em prefeituras do Sertão de Alagoas

01/03/2018
Operação prende suspeitos de fraudar licitações em prefeituras do Sertão de Alagoas
esos foram levados para para a sede do MP, no Poço (Foto: Ascom/MP)

esos foram levados para para a sede do MP, no Poço (Foto: Ascom/MP)

O Grupo Estadual de Combate às Organizações Criminosas (Gecoc), em parceria com as Polícias Civil e Militar, realiza uma operação contra fraudes em licitações em três cidades do Sertão de Alagoas. Segundo o Ministério Público, cinco pessoas foram presas, todas ligadas a Nativa Construtora ltda.

Ficou constatado que no período de 2013 a 2016, a Nativa praticou diversos crimes contra a administração pública nos municípios sertanejos de Pão de Açúcar, Poço das Trincheiras e Ouro Branco.

A reportagem do G1 tentou contato com a Nativa, mas não conseguiu. A reportagem também não conseguiu contato com as prefeituras envolvidas no esquema.

Todos os mandados de prisão foram expedidos pela 17ª Vara Criminal da Capital. Segundo o MP foram presos Paulo Jorge da Silva e Gabriela Maria Figueiredo Souto, sócios-proprietários da Nativa Construções Ltda; Anderson César Farias de Melo, identificado como representante legal da empresa; José Antônio Figueiredo Souto, procurador da construtora; e Alysson Henrique Ferreira da Silva, ex-sócio da Nativa.

No entendimento dos promotores de justiça do Gecoc, a permanência dos integrantes da organização criminosa em liberdade permite que eles continuem emprestando o nome da empresa Nativa Construções Ltda a outros gestores dispostos à prática dos mesmos crimes.

“Conforme se constata por intermédio da intensa prolongada repetividade das condutas delituosas por eles já praticadas, uma vez em liberdade, encontrarão os mesmos estímulos relacionados às infrações penais já cometidas”, argumentou o MP.

De acordo com o Gecoc, os réus, que já foram denunciados pelo Ministério Público, são acusados da prática de peculato, peculato furto, falsidade ideológica majorada, falsidade ideológica, uso de documento falso, fraude em licitação, dispensa ilegal em licitação e formação de organização criminosa.

Investigações

As investigações do Gecoc começaram após denúncia anônima. Na sequência, houve o cumprimento de medidas cautelares que resultaram na apreensão de vasta documentação em algumas secretarias municipais. Os promotores de justiça fizeram uma análise minuciosa dos papéis e comprovaram o envolvimento dos réus, que também contava com a participação de agentes públicos.

Ficou constatado que no período de 2013 a 2016, a Nativa praticou diversos crimes contra a administração pública nos municípios sertanejos de Pão de Açúcar, Poço das Trincheiras e Ouro Branco.

À época, o desvio de recursos somente dos cofres públicos da Prefeitura de Pão de Açúcar, esquema que teve o envolvimento do então prefeito da cidade Jorge Dantas, chegou a R$ 703.710,76. Essas verbas eram proveniente de receitas próprias, como FPM, ISS e ICMS.

À reportagem da TV Gazeta o ex-prefeito Jorge Dantas disse apenas que “está tranquilo sob todas as acusações” e que não comentaria o assunto.

“Vale ressaltar que a Construtora Nativa se encarregava de manipular os processos licitatórios e, em seguida, emitir os boletos de mediações e notas fiscais como se tivesse executado os serviços, quando estes eram executados com mão de obra do próprio município”, diz um trecho da denúncia.

Segundo o MP, nos processos que foram manipulados e fraudados, a empresa Nativa era supostamente contratada, por exemplo, para executar serviços de pavimentação, terraplanagem, reforma e manutenção de prédios, praças e vias públicas e execução de obra de engenharia para calçamento, dentre tantos outros, mas, na verdade, ela jamais realizou o trabalho. Cabia a empresa apenas emitir notas fiscais falsas pra os gestores justificarem os desfalques nos cofres públicos.

“O que eles fizeram foi uma acintosa afronta aos preceitos contidos na Lei nº 8.666/93, que regulamenta o art.37, inciso XXI, da Constituição Federal, e institui normas para a licitações e contratos administrativos, bem como agiram com premeditado desprezo às disposições que regulamentam as despesas públicas, estabelecidas pela Lei nº 4.320/64”, acusou o Gecoc.

Ao Ministério Público de Alagoas a Nativa argumentou que era utilizada em diversos municípios alagoanos para contabilizar recursos oriundos de atividades ilícitas patrocinadas por organizações criminosas neles instaladas.

“Apesar de ser legalmente constituída e de participar de legítimo comércio, trata-se de uma empresa de ‘fachada’, destituída de capacidade técnico-operacional, que não possui, portanto, estrutura organizacional mínima para executar satisfatoriamente o objeto de qualquer contrato administrativo. A Orcrim, sem sombra de dúvidas, causou acentuados prejuízos à população que, em consequência de suas ações delituosas, não obteve nenhuma melhoria na sua qualidade de vida”, enfatizou o MP.

Polícia cumpriu mandados em cidades do Sertão (Foto: Ascom/MP)

Polícia cumpriu mandados em cidades do Sertão (Foto: Ascom/MP)