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De Pedro Olímpio a Stephen Hawking

20/03/2018
De Pedro Olímpio a Stephen Hawking

Embora eu conhecesse “ELA” (Esclerose Lateral Amiotrófica) por meio da deficiência motora, de caráter congênito, de STEPHEN William HAWKING, durante os anos 70, nunca dediquei total curiosidade a essa paralisia que afeta a motricidade do indivíduo (mobilidade, coordenação e fala). Pensava eu que essa doença era um caso isolado no mundo. Até que um dia, exatamente no ano de 1977, tive contato diretamente com “ELA” quando fui informado de que meu amigo PEDRO OLÍMPIO DE OLIVEIRA tinha sido acometido por essa enfermidade. Uma rara doença degenerativa que paralisa os músculos do corpo sem, no entanto, atingir as funções cerebrais, sendo uma doença que ainda não possui cura.

No caso de STEPHEN HAWKING a doença foi detectada quando ele tinha 21 anos de idade, em 1963, mas a sua invalidez permanente só veio acontecer em 1985, quando teve que submeter-se a uma traqueostomia após ter contraído pneumonia na Suíça e, desde então, passou a usar um sintetizador de voz para se comunicar, sentado em uma cadeira de rodas. Gradualmente, foi perdendo o movimento dos braços e das pernas, assim como do resto da musculatura voluntária, incluindo a força para manter a cabeça erguida, de modo que sua mobilidade era praticamente nula.

Enquanto isso, essa “esclerose” atingiu PEDRO OLÍMPIO quando este completou 30 anos de idade. Dezessete (17) anos depois, por volta de 1994, Pedro foi vítima de um AVC (Acidente Vascular Cerebral), quando ficou imobilizado em uma cama, em sua residência na Rua Pedro Barbosa, no bairro de São Cristóvão, em Palmeira dos Índios.  Ora, tanto PEDRO OLÍMPIO (1946-2015) quanto STEPHEN HAWKING (1942-2018) viveram por longos anos em cadeiras de rodas e em camas separadas, sem qualquer movimento do corpo, mas dispondo de uma lucidez e de uma criatividade invejável. Eles tinham em suas cabeças seus cérebros fantásticos que transmitiam otimismo, sabedoria e bom humor. Eram homens com raciocínio rápido, racionais e analistas, sem movimento do corpo.

STEPHEN HAWKING foi Doutor em cosmologia, Professor lucasiano emérito na Universidade, exercendo um cargo antes ocupado por Issac Newton, Paul Dirac e Charles Babbage. Em 09 de janeiro de 1986 foi nomeado pelo papa João Paulo II como membro da Pontifícia Academia das Ciências, no Vaticano. Pouco antes de falecer, ele foi diretor de pesquisa do Departamento de Matemática Aplicada e Física Teórica (DAMTP) e fundador do Centro de Cosmologia Teórica (CTC) da Universidade de Cambridge, na Inglaterra.

PEDRO OLÍMPIO foi radialista, comerciante e pai de três filhas. Era católico e membro da Rosacruz, juntamente comigo. Durante sua “via-cruzes” em cima de uma cama, recebia, semanalmente, aos domingos a visita da ministra da Eucaristia, Maria José Machado (Deda) que rezava uma prece e lhe dava a “comunhão cristã”. Dizia ele, que dormia em um quarto separado, ao lado do dormitório da sua esposa, que muitas vezes durante a madrugada, quando perdia o sono, ele via um vulto de mulher em pé olhando e sorrindo para ele. Em sua visão crítica, aquela mulher jovem e bonita era Maria Santíssima, sua mãe e intercessora. Sua esposa, Maria das Graças Barbosa de Oliveira diz que “o motivo que me levou a viver todos esses anos com Pedro Olímpio foi ter por ele muito amor, pois ele nunca me faltou com respeito e carinho”. E acrescentou a viúva: “Ele foi um ótimo marido, um ótimo pai e, acima de tudo, um grande amigo. Durante sua enfermidade, às vezes ele ficava deprimido e, logo, pedia-me para cantar sua canção predileta – “Casinha Branca”, do cantor Sérgio Reis. E eu cantava para ele. Já na opinião de sua filha mais velha, Na opinião da sua filha primogênita, SORAIA, “meu pai era um sábio, um misto de filósofo e enciclopedista. Era a pessoa certa para tirar minhas dúvidas acerca dos mistérios do mundo e do universo. Um amigo digno, meu ídolo”.

Tanto PEDRO OLÍMPIO quanto STEPHEN HAWKING amava imensamente os filhos. E tanto isso é verdade que STEPHEN HAWKING escreveu (o que Pedro Olímpio gostaria de ter escrito) um breve conselho para seus filhos: “Um: lembre-se de olhar para as estrelas e não para baixo, para os pés. Dois: nunca desista do trabalho. Ele dá significado e propósito, e a vida está vazia sem eles. Três: se você tiver sorte o suficiente para encontrar o amor, não o deixe ir embora”. (…) E disse mais: “o maior inimigo do conhecimento não é a ignorância, mas sim a ilusão da verdade”. Pensemos nisso! Por hoje é só.