Política

Alckmin: candidatura de Doria não atrapalha; SP está em ótimas mãos com França

20/03/2018

O pré-candidato do PSDB à Presidência da República, Geraldo Alckmin (SP), minimizou nesta terça-feira, 20, a possibilidade de fazer campanha para dois candidatos ao governo de São Paulo ao mesmo tempo. Isso porque tanto o prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB-SP), como o vice-governador do Estado, Márcio França (PSB-SP), pretendem disputar o cargo.

“Qual o problema?”, rebateu ao ser questionado se iria viajar em campanha com os dois candidatos pelo interior de São Paulo. “Teremos vários candidatos (no Estado de São Paulo). A candidatura de Doria em São Paulo não atrapalha em nada. O Estado de São Paulo está em ótimas mãos com Márcio França. Ficarei muito honrado com apoio dele (Márcio França)”, disse.

Alckmin também falou sobre a possibilidade do presidente Michel Temer decidir ser candidato à reeleição, o que os colocaria em rota de colisão. “É legítimo (a candidatura de Temer). O MDB é um partido importante. O fato de termos muitas candidaturas é resultado do quadro multipartidário. O tempo irá afunilando as candidaturas à Presidência”, respondeu.

O governador de São Paulo também foi questionado sobre o estágio das alianças tucanas em outros Estados, o que lhe ajudará a viabilizar palanques estaduais para viajar o Brasil. “As candidaturas estaduais do PSDB não estão fechadas e não teremos candidaturas em todos os Estados. Onde não tivermos candidaturas próprias, vamos fechar alianças. A partir do dia 7 de abril, pretendo percorrer o Brasil do Monte Roraima ao Chuí”, disse.

Propostas

Alckmin disse ainda que, se eleito, irá propor a reforma da Previdência em seu primeiro ano de governo. Além disso, o tucano anunciou uma de suas primeiras propostas para a área econômica: uma nova forma de correção dos fundos sociais do governo, como o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), o seguro-desemprego e o abono salarial.

“Tenho convicção de que a reforma tem ser feita no primeiro ano de mandato”, disse antes de ser questionado se isso incluía também a reforma da Previdência. “Sim”, respondeu. “Não só a reforma da Previdência, mas outras reformas. Será uma reforma no regime geral de Previdência Social”, afirmou.

Alckmin destacou também uma das primeiras contribuições do economista Pérsio Arida para sua campanha. O ex-presidente do Banco Central vai ser coordenador a área econômica e está desenhando, segundo a reportagem apurou, uma nova forma de atualização para os fundos sociais.

“Quero destacar também que o Pérsio Arida que vai coordenar a área econômica. Uma das discussões que tivemos diz respeito diretamente aos trabalhadores do Brasil: seja da agricultura, seja da indústria, seja de serviços. Temos o FGTS, que faz parte desse apoio. Temos verificado que o trabalhador brasileiro tem sido espoliado ao longo tempo. É quase um Robin Hood às avessas, ou seja, o trabalhador financiando empresas, até através do FI-FGTS, empresas questionáveis do ponto de vista dos recursos públicos”, disse.

A ideia dos tucanos é utilizar outros índices econômicos para tornar esses benefícios mais vantajosos para os trabalhadores e para o próprio governo, que utiliza esses fundos como parte do orçamento federal. A proposta surgiu principalmente por conta da discussão sobre o que fazer com o FGTS, que tem perdido em rentabilidade até mesmo para a poupança. Hoje o FGTS é atualizado a juros de 3% ao ano mais taxa referencial.

Alckmin explicou que, pela sua proposta, o FGTS seria remunerado a partir da Taxa de Longo Prazo (TLP). “Uma das nossas propostas é o FGTS ser remunerado pela TLP. Se o trabalhador tivesse aplicado R$ 1 real no FGTS em janeiro de 1995, ele teria hoje R$ 4,70. Se ele tivesse aplicado no Certificado de Depósito Interbancário (CDI), teria hoje R$ 20,70. Se ele tivesse aplicado na caderneta de poupança, teria R$ 9,40”, explicou para mostrar a defasagem do fundo de garantia em relação aos outros.

O pré-candidato do PSDB aproveitou para cutucar o desempenho fiscal do País, durante o governo Michel Temer. “Nós temos um problema ainda não resolvido. Não é natural ter déficit primário de R$ 120 bilhões”, afirmou antes de comparar o déficit federal com o superávit primário de São Paulo, em sua gestão.

Alckmin falou à imprensa em coletiva, na sede do PSDB, em Brasília, após reunião da Executiva Nacional do partido. A direção do partido decidiu hoje referendar, oficialmente, a pré-candidatura do governador de São Paulo, já que o prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto, desistiu das prévias partidárias após desentendimento interno.

“Por enorme amor a causa pública e compromisso com o Brasil, não estamos lançando candidatura, porque isso será na convenção, mas definido o candidato, vamos trabalhar com grande empenho para ter o melhor projeto para o Brasil”, disse.

Autor: Renan Truffi
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