Artigos

A simpatia e a empatia

15/02/2018
A simpatia e a empatia

Em regra geral, nós somos mais “Simpáticos” do que “Empáticos”. Isso quer dizer que nossa natureza humana está voltada mais para absorver “os sentimentos de piedade e de tristeza pelo infortúnio de outra pessoa”, do que para adotar “a capacidade de compreender e compartilhar os sentimentos do outro”. Aliás, Empatia é ter uma consciência suficiente para compreender as necessidades dos outros.

A Empatia importa não apenas nos tornarmos bons, mas para sermos pessoas boas para nós mesmos. Ao contemplar o drama de alguém, nós experimentamos sua angústia e compreendemos sua emoção. A Empatia tem o poder de curar relacionamentos desfeitos, eliminar nossos preconceitos, expandir nossa curiosidade em relação aos estranhos e a frear nossas ambições. A pessoa empática tem o poder de criar um espaço de conforto para o outro, porque ele sabe que você tem compreensão das suas emoções, porque compartilha com suas angústias e tristezas. A Empatia cria vínculos humanos que tornam a vida digna de ser vivida. É por isso que a Psicoterapia fala tanto em “estilo de vida”, em “arte de viver” e em “bem-estar pessoal”, porque “se você se importa mais com os outros que consigo mesmo, tem maior probabilidade de ser plenamente feliz”, garante o especialista em felicidade RICHARD LAYARD (82 anos). De acordo com LAYARD, a nossa experiência de felicidade é única e parece fazer diferente as coisas que nos fazem felizes. Quando alguém simpatiza com você, então, está baseando a sua compaixão do infortúnio no seu cenário pessoal. É como olhar para ele a partir de uma perspectiva exterior, para que você experimente uma dor ou uma alegria compartilhada.

Ser Empático é mais doloroso do que ser Simpático, porque você sente as dores dos outros e, por vezes não tem ideia do por quê. Às vezes, as emoções rastejam sobre você vindas do nada e você precisa distinguir se elas são provenientes do seu núcleo interior, ou de outra pessoa. Ser Empático requer uma quantidade enorme de energia, especialmente se você está procurando ajudar o outro e compartilhar sua dor, resultando em algum nível de cura. Ser Simpático é algo menos dolorido: é ouvir um problema e dizer: “Eu me sinto mal por você”.

No tocante a experiência da Empatia, destacamos o exemplo de um homem que, nos anos 40, viveu na pele esse instinto primitivo. MAHATMA GANDHI (1869-1948) vivenciou a Empatia como potencial transformador do comportamento humano, no que se tornou conhecido como o “Talismã de Gandhi”. GANDHI foi um líder indiano aberto às suas emoções e convicções, transparente perante aqueles que se encontrava em seu redor. Capaz de empatizar com todos os seus aliados e contemporâneos, de um modo natural e espontâneo, sem fazer nenhuma exigência ou concessão. Sua capacidade de Empatia estava assegurada na humildade de ser capaz de se comunicar no momento certo; de compreender os anseios de seus pares e de reconhecer que seus amigos e aliados eram um reflexo dele mesmo, por isso não tinha qualquer receio ou temor de se comunicar com os outros de maneira honesta.

Em sua obra “A Teoria dos Sentimentos Morais”, publicada em 1759, o economista escocês ADAM SMITH (1723-1790), considerado o pai do capitalismo, escreveu: “Por mais egoísta que possamos considerar o homem, há evidentemente alguns princípios em sua natureza que o levam a se interessar pela sorte dos outros, e tornam a felicidade do outro algo necessário para ele, ainda que nada ganhe com ela, exceto o prazer de contemplá-la”. A Empatia, ao contrário da Simpatia, é a arte de se colocar no lugar do outro e ver o mundo do alto da sua perspectiva. A Empatia exige um salto de imaginação, de modo que sejamos capazes de olhar pelos olhos e compreender as crenças, experiências, esperanças e os medos que moldam nossas visões de mundo. Foi exatamente isso que fez o italiano GIOVANNI BERNARDONE, com 23 anos de idade (1206), quando fazia uma peregrinação à Basílica de São Pedro em Roma. Ele observou o contraste entre a opulência e prodigalidade no interior da Igreja (com suas colunas e seus mosaicos) e a pobreza dos mendigos e leprosos sentados à porta do Templo. Decidiu trocar suas roupas pelas de um mendigo e passou o resto dia junto deles pedindo esmolas, porque ele queria saber como era ser um indigente. Giovanni Bernardone, conhecido por São Francisco de Assis, nos deixou essa regra de ouro: “faça para os outros o que gostaria que eles fizessem para você”. Pensemos nisso! Por hoje é só.