Artigos

O casamento na velhice

22/11/2017
O casamento na velhice

Um belíssimo texto do Papa Francisco (o incansável Pregador da Paz), em Audiência Geral no Vaticano no dia 02/04/2014, ditou sábias palavras acerca do Matrimônio. Disse Sua Santidade, que “na união conjugal, o homem e a mulher realizam esta vocação no sinal da reciprocidade e da comunhão de vida plena e definitiva. Quando um homem e uma mulher celebram o sacramento do matrimônio, Deus, por assim dizer, se reflete neles: imprime neles os próprios traços e o caráter indelével de seu amor. O matrimônio é o ícone do amor de Deus conosco”. Explica o Santo Padre que, sendo Deus a comunhão de três pessoas, que são o Pai, o Filho e o Espírito Santo, que vivem sempre em perfeita unidade, o mistério do matrimônio sintetiza que “Deus faz de duas pessoas uma só existência”. Portanto, não existe Matrimônio sem Deus, sem uma ligação com o eterno, assegura o Papa Francisco. Mas, em sua sabedoria humana, ele também reconhece que há dificuldades na vida conjugal e também muitas brigas – “algumas vezes, voam os pratos!” –, mas isso não deve ser motivo de tristeza. E acrescenta: “a condição humana é assim. Mas o segredo é que o amor é mais forte do que quando se briga. Por isso, eu aconselho sempre aos esposos, para que não terminem o dia em que tiverem brigado sem fazer as pazes. E para fazer as pazes não é preciso chamar as Nações Unidas! É preciso um pequeno gesto, um carinho, um sorriso”. Na visão crítica de Sua Santidade, existem três palavras-chaves, até certo ponto “mágicas”, para manter acesa a chama da vida matrimonial: com licença, obrigado e desculpa. “Com estas três palavras, com a oração do esposo pela esposa e da esposa pelo esposo e com o fazer as pazes sempre, antes que termine o dia, o matrimônio seguirá adiante”, isto porque a união do casamento é o ícone do amor de Deus pela humanidade.

Ora, o Matrimônio além de servir para a multiplicação dos seres e da manutenção da unidade familiar, também serve de acalento na velhice. É claro que na terceira idade tudo fica mais difícil. O desafio para se manter ativo e harmonioso é mais exigente, em face da queda dos hormônios e do controle das doenças que surgem após os 50 anos de idade. Isso sem falar nas instabilidades emocionais e nas inconstantes perdas de bom humor. No meio disso tudo a preocupação constante com os filhos, com os netos e demais familiares. Nem sempre na velhice o casal goza do conforto da aposentadoria, da boa saúde física e mental e da tranquilidade plena com a sobrevivência dos membros da família. São raros os casais que desfrutam de uma velhice harmoniosa, sem conflito, sem novos compromissos e sem novas preocupações. Cuidar dos filhos e investir em suas carreiras, agora passa a ser proteção para os netos e os bisnetos. Tudo volta a ser como era antes. Os compromissos são outros, mas o objetivo é o mesmo. O real motivo do casamento é manter a unidade da família, mesmo com o afastamento dos filhos do lar conjugal e da independência de cada um deles. Isso sem esquecer a entrada de outros membros no ciclo familiar, como genros, noras, sogros e sogras.

O Matrimônio na terceira idade não se resume apenas na união de um casal na velhice, mas a conservação de uma família unida e fraterna, bem relacionada e simplesmente amorosa. Manter um casamento na terceira idade não é nada fácil. Manter a rotina sem perder os sonhos e o esforço de resolver os conflitos com calma, sabedoria e compreensão, é uma tarefa árdua, mas prazerosa para quem não se descuidou da vida passada. Todo parceiro é exigente em vida, principalmente quando alcança a terceira idade. Isso sem esquecer-se dos filhos e dos parentes agregados. E, mesmo com a perda da libido, que pode ser causada pela diminuição da produção hormonal, que é responsável pela redução da atividade sexual, um casal na velhice não deve lamentar as perdas, porque “a sexualidade vai muito além do ato em si: o que eles querem é ficar próximos de tudo que traga prazer para os dois”, afirma a especialista Cristiane, lembrando que, para os homens, a vida sexual é mais prazerosa do que a da mulher, pois muitas vezes a mulher é criada para satisfazer o homem em primeiro lugar. E as mulheres continuam mais expressivas e envolvidas do que os homens.

A famosa feminista francesa Simone de Beauvoir, esposa do filósofo Jean-Paul Sartre, quando questionada sobre o casamento, afirmou: “O amor é aquele que não prende, que respeita, em que os dois são iguais e que se constrói não por obrigação a nenhuma norma, mas pela livre vontade de estar junto”… Pensemos nisso! Por hoje é só.