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Imprensa Oficial Graciliano Ramos lança Ilha do Ferro, de Celso Brandão

04/10/2017
Imprensa Oficial Graciliano Ramos lança Ilha do Ferro, de Celso Brandão

A Imprensa Oficial Graciliano Ramos lança Ilha do Ferro, de Celso Brandão. A obra reúne fotografias em preto e branco do mítico povoado sertanejo, situado às margens do rio São Francisco, no município de Pão de Açúcar, famoso reduto da arte popular alagoana. Para celebrar a publicação do livro, a editora está promovendo uma noite de autógrafos com o autor nesta quarta-feira (04/10), às 19h, no estande da Imprensa Oficial Graciliano Ramos, na 8ª Bienal Internacional do Livro de Alagoas.

Ilha do Ferro, é o terceiro livro de grande tiragem publicado por Celso Brandão. O conjunto de imagens reflete a atmosfera mágica e atemporal do povoado da Ilha do Ferro, mostrando a religiosidade, a paisagem e a expressividade de sua gente. “Não queríamos que o livro resultasse numa espécie de catálogo dos artistas da Ilha do Ferro. Tínhamos a ambição de ir além”, afirma Celso Brandão, descrevendo como foi o processo de edição das fotografias realizado pelo célebre fotógrafo francês Pierre Devin, fundador do Centre Regional de La Photografie-Nord Pas de Calais (França) e que atualmente está à frente da Sensible Edition.  O livro traz ainda poemas assinados por Fernando Fiúza, sob o título Sertão Elegante – Fragmentos.

Embora seja um fotógrafo muito produtivo, Celso Brandão não publicou sequer um décimo de sua obra. A maioria de suas fotografias ainda se mantém reservada em arquivo pessoal que só recentemente passou a ser organizado por assessores e amigos. “Nunca tive essa ansiedade de levar o meu trabalho para o grande público. Gosto muito de produzir livros de artista (publicação artesanal, com exemplares limitados) para testar a reação das pessoas diante do meu trabalho. Só mais recentemente senti a necessidade de publicar porque creio que o livro em papel é o melhor invólucro da fotografia”, afirma. Brandão também publicou Memento, pela Imprensa Oficial Graciliano Ramos (2013) e Caixa Preta (2016).

Responsável por colocar a Ilha do Ferro no mapa brasileiro da arte popular, Celso Brandão conta que descobriu o recôndido povoado sertanejo na década de 1980, quando realizava um projeto fotográfico para o Museu Théo Brandão, que previa a documentação das atividades das mulheres que mantêm viva a tradição do bordado Boa Noite. “Quando cheguei no Bar Redondo – que era literalmente redondo – e que na época pertencia a seu Fernando Rodrigues, logo percebi que tinha desembarcado em um lugar especial”, relembra, descrevendo a originalidade da decoração do local, ambientado com o mobiliário e esculturas que imortalizaram a obra do genial Mestre Fernando Rodrigues. “Hoje me sinto intimamente ligado às pessoas da Ilha do Ferro, sinto que tenho um compromisso com elas”, afirma.

Desde então Celso Brandão se propôs a viver uma profunda imersão na Ilha do Ferro, onde mantém uma casa, e onde passa boa parte de seu tempo, na qual reúne um acervo com dezenas de peças de cerca de quinze artistas do povoado. “Graças a esta coleção, muitas pessoas, inclusive de fora do país, descobriram o talento dos artistas da Ilha do ferro. Esta descoberta, combinada à preservação de obras significativas, já daria corpo ao acervo de um museu. Mas isso não é suficiente para este pioneiro”, afirma Pierre Devin, descrevendo Celso Brandão.

De acordo com o especialista francês, o livro Ilha do Ferro representa uma cristalização, um ápice na trajetória artística de Celso Brandão. “Seu ensaio fotográfico não se limita a ampliar o museu imaginário com um hino à inteligência e à sensibilidade da criatividade popular. Ele também tem uma função antropológica de preservar a memória. Ele nos interroga precisamente sobre o segmento de formas naturais, animais, humanas como fonte de imaginário e de inspiração artística. Ele o faz num momento em que a massificação, o folclorismo e a obscenidade turística esmagam tudo”, afirma, mencionando que o resultado do livro não é conveniente, nem esperado. “É uma busca persistente, combinada ao trabalho livre  do imaginário que produziu um verdadeiro olhar sobre o olhar”.